Filmes relembram vida de apresentadora que se matou ao vivo na TV

em 01/02/2016


Uma imagem perturbadora foi ao ar, ao vivo, nas TVs de Sarasota, Flórida (EUA), na manhã de 15 de julho de 1974. "Para dar continuidade à política do Canal 40 de trazer a vocês as últimas notícias sobre sangue e miolos, vocês verão outro primor: uma tentativa de suicídio".

A jornalista de 29 anos Christine Chubbuck pronunciou essas palavras ao vivo durante seu programa dominical, para então disparar um tiro atrás da orelha. Ela morreu horas depois em um hospital local.

Esse caso ganhou contornos de lenda urbana, e já foi abordado aqui no Blog Noite Sinistra (clique AQUI para responder), gerando uma série de opiniões divergentes nas redes sociais e nos comentários na época.

Quarenta anos depois, a história trágica de Chubbuck, e do primeiro suicídio ao vivo da TV americana e que gerou grande comoção nacional, volta à tela com o filme Christine, protagonizado pela atriz inglesa Rebecca Hall, e do documentário Kate Plays Christine, ambos inspirados no perfil psicológico da jornalista.

Os filmes estão na seleção oficial do prestigiado Festival de Sundance.


Quem era Christine Chubbuck?

A carreira da jornalista, nascida em Hudson, Ohio, despontava. Aos 29 anos, ela já era dona de um programa de televisão aos domingos de manhã no Canal 40 da cadeia WXLT (atualmente, WWSB/Canal 7).

Chubbuck foi descrita por colegas como "talentosa e entusiasmada" na reportagem sobre sua morte no jornal local Herald Tribune.

Pouco antes de tragédia, havia sido promovida a diretora de relações públicas da empresa. Até que, oito dias antes do suicídio, ela fez uma confissão que alarmou o colega de emissora Rob Smith.

Chubbuck contou ter comprado um revólver. "Por quê?", perguntou Smith. "Estou pensando em explodir meus miolos ao vivo", respondeu ela.

"Ela era problemática, mas também muito jovem", lembra Steve Newman, que foi produtor do programa de Chubbuck até três meses antes da fatalidade.

A jornalista também sofria períodos de depressão.

Roteiro

Christine Chubbuck premeditou em detalhes o suicídio. Após a tragédia, seu editor no programa, Mike Simmons, afirmou ter encontrado o roteiro do programa com manchas de sangue. Chubbuck havia colocado o momento do suicídio no script do programa daquele domingo.


A polícia embargou a fita com a gravação do programa. Depois, a família a destruiu.

O caso serviu parcialmente de inspiração ao filme Rede de Intrigas, de 1976, que venceu o Oscar.

Agora, quatro décadas depois, a estreia de Christine e de Kate Plays Christine - respectivamente dirigidos por Antonio Campos e Robert Greene - em Sundance não é mera coincidência, segundo ambos.

"Basta você ler um jornal e notará que o que aparece (neles) é terrível. O conceito de publicar sensacionalismo começou no anos 1970. E Christine foi uma manifestação disso", disse Campos ao Instituto Sundance.

Alguns jornais afirmaram à época que Chubbuck estava insatisfeita com a virada editorial do canal, que insistia em mostrar imagens fortes para elevar índices de audiência.

Sensacionalismo

Mas um ex-colega e atual apresentador do canal Steve Newman diz que, no fundo, os novos filmes sobre Chubbuck "revivem um evento profundamente doloroso", insinuando que talvez explorem, de outra forma, a tragédia.

"No fim das contas, tudo se reduz a um suicídio cometido na TV ao vivo", disse Newman à BBC Mundo.

Mas o crítico de cinema da revista especializada Variety Peter Debruge assistiu a ambos os filmes e não concorda.

Sobre o filme de ficção, ele diz que a cena com o suicídio é a antepenúltima, e a morte é tratada muito sutilmente, "a partir do ponto de vista da equipe na cabine de controle".

No caso do documentário, Debruge lembra que o foco está nas dificuldades de uma atriz em interpretar o personagem Christine Chubbuck.

Fonte: BBC

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Um comentário:

  1. Não acho que ela tenha se matado ao vivo só pelo fato do sensacionalismo sangrento estar crescendo, foi só o bode expiatório... é muito mais complexo do que isso. Mas eu já assisti quase tudo que já produziram baseado nessa história e é tudo muito bom. De um jeito meio torto, a história dela sempre me fascinou.

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