Os amantes frustrados de Fenwick Hall

em 12/06/2020


Saudações galera. Hoje, dia dos namorados, contamos com a participação da nossa amiga Fernanda Flores, administradora do excelente site Rainhas Malditas (clique AQUI para acessar). A Fernanda configurou e enviou para a gente uma trágica história de amor, que hoje em dia é relacionada com uma assombração no estado da Carolina do Sul, nos EUA.

Convido a todos a conhecer mais sobre esse assunto mais abaixo.

Os amantes frustrados de Fenwick Hall

Como hoje é Dia dos Namorados vou contar uma trágica história de amor envolvendo dois jovens apaixonados que se passou em meados do século 18 numa plantação chamada Fenwick Hall, na Johns Island, na Carolina do Sul, nos EUA. Ela na verdade mais parece um filme. Tem piratas, cavaleiros sem cabeça, tesouros roubos e um amor que não deu certo.

Fenwick Hall

Bom, de acordo com lenda tudo começou quando Edward Fenwick deu um belo cavalo de presente para sua filha Ann, de 17 anos, que passou a montar no garanhão todos os dias. Edward na ocasião também contratou um rapaz irlandês chamado Anthony para cuidar do animal. Anthony então passou a ser o cavalariço de Fenwick Hall e acompanhava Ann durante seus passeios.

Devido a convivência diária os dois tornaram-se amigos e logo esse sentimento de amizade acabou se transformando em amor. Dentro de alguns meses, Ann havia se apaixonado profundamente pelo jovem. Quando ela finalmente decidiu informar o pai do que estava acontecendo ouviu um Edward furioso dizer que Anthony não estava à altura dela devido ao seu status social.

Retrato de dama anonima, por Michael Dahl, c. 1700. (Foto de Wikipedia Commons)

Mesmo com a reprimenda paterna Ann, apenas algumas semanas depois, voltou a abordar o pai em seu escritório e dessa vez foi mais além, pedindo para se casar com cavalariço. Apesar do grande amor que dizem que Edward sentia pela filha ele não retrocedeu e continuou irredutível. Não haveria casamento enquanto ele estivesse vivo.

Se vendo sem saída restou apenas uma opção para Ann: a fuga. Na calada da noite a jovem apaixonada deixou Fenwick Hall ao lado de Anthony, que havia sido demitido e mandando embora, mas acabou retornando e convencendo Ann a fugir. Porém, os dois não conseguiram chegar ao seu destino, que era Charleston. De acordo com a lenda eles tiveram que pernoitar numa cabana porque não teriam conseguindo encontrar um barco nos pântanos do rio Ashley.

Retrato de jovem cavalheiro, por artista anonimo, c. 1775.

Enquanto isso Lorde Fenwick, que já havia notado a ausência da filha, acompanhado por seus capangas, iniciou uma busca frenética por Ann e Anthony e não demorou muito tempo para eles serem encontrados. Na manhã do dia seguinte o casal foi acordado pelo próprio Edward em pessoa e seus homens. Não houve escapatória. Eram muitas pessoas contra apenas dois jovens. Eles foram levados para Fenwick Hall de volta.

Chegando na plantação a pior das cenas aconteceu. Após saber que Ann e Anthony havia se casado no dia anterior numa cerimônia rápida e oficiada por um religioso, cujo o nome não sabemos, Edward ficou furioso e ordenou que o jovem fosse colocado em cima de um cavalo, logo depois o pescoço de Anthony foi envolto numa corda que por sua vez estava atada no galho de um grande carvalho da propriedade.

Anthony morreu quando a própria Ann foi forçada a chicotear o cavalo, que com o impacto do chicote disparou deixando Anthony ser enforcado até a morte no ar. Ann fez isso sob coação. Seu pai estava apontando um revolver para ela. Logo depois ela desmaiou e foi levada para seus aposentos. Ann não morreu fisicamente, mas a morte do amado foi tão impactante que ela perdeu a lucidez.

Quando ela despertou Ann imediatamente começou a procurar por Tony, embora sua mãe lhe dissesse que o marido estava morto nos jardins, porém ela não se convenceu e imersa em sua loucura Ann vagou até o final de seus dias pela casa perguntado: “Tony! Tony! Tony! Onde você está?" Não se sabe o que foi feito do corpo do rapaz. Se ele foi enterrado ou deixado para apodrecer na árvore.

Mas, sabemos que através dos séculos as pessoas que viveram em Fenwick Hall relataram ouvir passos fantasmagóricos andando pelos corredores e uma voz gritando: “Tony! Tony! Tony!” Este seria o espírito de Ann que nem a morte foi capaz de conferir um descanso. Além de Ann o próprio Anthony assombraria Fenwick Hall.

Retrato de jovem homem, século 19, artista anonimo.

Segundo relatos de visitantes e morados a sua aparição tem lugar nos jardins e nos pântanos que ficam próximos a propriedade. Segundo uma versão da lenda o enforcamento do jovem irlandês foi tão brutal que sua cabeça foi decepada pela corda tamanho teria sido o impacto que a partida do cavalo causou.

Seja isso verdade ou não, o fato é que a lenda do casal apaixonado que pagou com a vida por sua fuga ainda é muito viva em Fenwick Hall. Segundo os relatantes Anthony teria se tornado um cavaleiro sem cabeça que anda a procura de sua amada, que por sua vez, está presa dentro da casa. Nem na morte eles poderão encontrar-se. Talvez está seja a parte mais trágica da lenda.

Retrato de dama, artista anônimo mexicano, Óleo sobre tela, Século XIX.

Segundo o testemunho de uma mulher identificada apenas como Claude Fenwick Hall Plantation realmente é um lugar onde coisas bizarras acontecem. Ela afirmou ver uma estátua tomando vida e virando para ela a encarrando. Ela também viu o famoso cavaleiro sem cabeça perambulando pelo local. Vale lembrar que muitas vezes os móveis da casa amanhecem fora do lugar.

Agora vamos nos ater a história dos piratas. Historicamente a família Fenwick era composta por corsários que basicamente exerciam as mesmas atividades dos piratas, ou seja, saqueavam, e por vezes, matavam as tribulações de navios de outras nações em auto mar. A diferença entre piratas e corsários era que os últimos possuíam uma carta estatal que dava aval para suas atividades.

Afirmava-se que Robert Fenwick foi o primeiro membro da família a se estabelecer como cidadão da Carolina do Sul tornando-se donatário de terras em Charles Town em 1694 e comprando a plantação que receberia o nome de Fenwick Hall, próxima ao rio Stono, em 1731. Cerca de 10 anos depois a mansão, em estilo georgiano, que fica no centro da plantação, foi erguida.

Após a morte do ex-corsário todas as propriedades pertencentes a ele foram herdadas pelo seu filho, Edward Fenwick, que é o vilão da lenda de Ann e Anthony. Durante a construção da mansão um túnel a ligando até o rio Stono também foi edificado. Diversas foram as funcionalidades do túnel. Suspeita-se que ele tenha servido para armazenar ouro, tomado pelos corsários, e para ser abrigo durante as guerras que assolaram a Carolina do Sul.

Infelizmente o túnel ainda não foi explorado através de estudos arqueológicos por falta de interesse e também devido ao fato de afirmar-se que ele entrou em colapso devido à um furação que atingiu a região. De qualquer maneira apenas a história e a lenda do amor trágico de Ann e Anthony já bastam para ser uma fonte de fascínio pelo local que foi tombado em 1972 como um lugar histórico.


Fica aqui meu agradecimento a amiga Fernanda Flores, e também gostaria de sugerir aos amigos e amigas que deem uma conferida no site dela, o Rainhas Malditas que é um site destinada a falar de eventos emblemáticos, e obscuros, da história.

Fonte:
Todas informações usadas para escrever essa matéria foram extraídas do site oficial da Fenwick Hall Plantation. Disponível em: <http://www.fenwickhall.com/fenwickcastlelegends.html>. Acesso em: 07. mai. 2020. Quando amanhecer, você já será um de nós...

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