A misteriosa morte do Papa João Paulo I

em 12/10/2014


No dia 28 de setembro de 1978, morria precocemente o então papa João Paulo I. Mas, para muita gente ainda hoje, naquele dia coroou-se com êxito uma das mais bem armadas conspirações da história da Igreja. Os fatos que cercaram sua eleição, o curto mandato de apenas 33 dias e as circunstâncias da morte de Albino Luciani sugerem, para os defensores dessa teoria, que João Paulo I foi assassinado.

A vida do Papa

Albino Luciani (nome de batismo) nasceu em 17 de outubro de 1912, em um povoado chamado Canal de Agordo, no vale do Cordevole, na província Belluno (Itália).


Seu nome de batismo fora uma homenagem a um amigo da família, que morrera numa explosão em uma mina de carvão na Alemanha.

Oriundo de família humilde, viu seu pai, Giovanni, inúmeras vezes forçado a buscar trabalho, como artesão, em outros países, em decorrência da Primeira Guerra Mundial.

Albino Luciani, ainda criança, já inserido na vida cristã
Desde a infância, Albino possuía uma clareza de espírito e uma capacidade de reflexão interna, apoiados por uma inteligência viva e precoce.

Tudo isso graças ao seu ambiente familiar (de uma pobreza cheia de dignidade) que lhe propiciou a prática da vida cristã.

Sua mãe, Bertola, católica fervorosa, incentivou-o a seguir a formação religiosa.

Entra para o pequeno seminário de Feltre e, em seguida, passa para o Seminário Gregoriano de Belluno.

Por fim, conclui sua grande trajetória de sucesso na Universidade Grégorienne como doutor em Teologia, onde apresenta uma brilhate tese sobre o Padre Antônio Rosmini Serbati (grande ícone da Igreja Católica).

Os primeiros ministérios

Em 7 de julho de 1935, é ordenado padre. Volta para sua cidade natal para trabalhar na paróquia de Canal de Agordo, onde exerce, ao mesmo tempo, uma intensa atividade pastoral, e o cargo de professor do Instituto Técnico Mineiro.


Em 1937, volta ao seminário Gregoriano de Belluno, onde já estivera como estudante, mas desta vez, é acolhido como vice-diretor e o professor de Teologia dogmática.

Em 1947, continua com o ensino de Teologia, mas ao mesmo tempo, lessiona outras disciplinas: Letras, Moral e Ética, História da Arte e Direito Canônico.

Logo é chamado para preencher as funções de vice-Chanceler, em seguida se torna Vigário Geral da Diocese.

Eleição para o papado

Albino Luciani governou a Santa Sé durante apenas um mês, entre 26 de agosto de 1978 até a data da sua morte (28 de setembro de 1978). Foi o primeiro papa desde Clemente V a recusar uma coroação formal, cerimônia não oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito, escolher como quer iniciar seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimônia de "início do pontificado", com a respectiva entronização e o juramento de fidelidade. Também foi pioneiro ao adotar um nome papal duplo.


Embora não nutrisse maiores ambições, foi nomeado bispo por João XXIII e cardeal por Paulo VI. Esteve presente no Concílio Vaticano II, convocado em 1962 por João XXIII numa tentativa de aproximar a Igreja do mundo moderno. Albino Luciani era o Patriarca de Veneza quando, com 65 anos, foi eleito Papa em 26 de agosto de 1978, na terceira votação do conclave que se seguiu à morte do Papa Paulo VI, superando o cardeal ultraconservador Giuseppe Siri – favorito ao trono de São Pedro, de acordo com a imprensa – por 99 votos a 11.

A princípio, um atônito Luciani teria declinado de aceitar o pontificado, mas fora persuadido do contrário pelo cardeal holandês Johan Willebrands, que estava sentado a seu lado na Capela Sistina. Para isso, teria lhe dito: "Coragem. O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo".

Escolhera o nome de João Paulo (Ioannes Paulus, pela grafia em latim) para homenagear seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Morreu na madrugada de 28 de setembro de 1978, no Palácio Apostólico do Vaticano. Na época do conclave, o cardeal britânico Basil Hume, um de seus eleitores, chamou João Paulo I de "o candidato de Deus".

Reza uma lenda que João Paulo I teria feito uma premonição sobre sua morte, ao afirmar a conhecidos que "alguém mais forte que eu, e que merece estar neste lugar, estava sentado à minha frente durante o conclave". Um cardeal presente na ocasião – que preferiu escudar-se no anonimato – confirmou que esse homem era, de fato, o polaco Karol Wojtyla. "Ele virá, porque eu me vou", prosseguiu o "Papa Breve". Curiosamente, Wojtyla realmente votara em Luciani naquele conclave e logo depois veio a se tornar João Paulo II.

A versão oficial para sua morte

A versão oficial divulgada pelo Vaticano diz que o corpo de João Paulo I teria sido encontrado pelo padre Diego Lorenzi, um de seus secretários, enunciando a morte como "possivelmente associada com infarto do miocárdio". Para alguns, João Paulo I teria sido vítima das terríveis pressões características de seu cargo, e que não tendo suportado-as, veio a perecer.

Outra hipótese levantada foi a de que o Papa Sorriso teria sido vítima de embolia pulmonar. De qualquer maneira, sua morte provocou enorme consternação entre os católicos; mesmo sob chuva torrencial, a Praça de São Pedro esteve totalmente lotada quando de seus serviços funerais. Em sua homenagem, seu sucessor adotaria seu nome papal ao ser eleito, em 16 de outubro de 1978.

Se Paulo VI teve um relatório médico extremamente preciso quando de sua morte (até mesmo os horários das complicações médicas foram anotados), o mesmo não ocorreu ao Papa Sorriso; seu corpo foi embalsamado imediatamente após o falecimento, e as verdadeiras causas do óbito nunca chegaram ao público. Não é preciso muito esforço mental, portanto, para imaginar as inúmeras especulações surgidas acerca deste trágico evento. Muitas delas foram condensadas em um polêmico livro, do não menos controverso escritor David Yallop, conhecido por sua vigorosa atuação no jornalismo investigativo.

As conspirações sobre sua morte

Mas que sorte de interesses aquele homem doce e discreto de 65 anos – conhecido como o “Papa Sorriso” – teria ameaçado contrariar afim de provocar a sua morte? Antes de abordar a trama, convém relembrar os acontecimentos, amplamente debatidos pela mídia da época, e que renderam algumas obras polêmicas e o bem documentado livro Um Ladrão na Noite, de John Cornwel, publicado na Inglaterra em 1989.


Filho de uma família proletária e de um pai socialista. Durante toda sua carreira, foi um clérigo inexpressivo e nunca foi cotado para o posto de papa. Sua eleição deixou todos boquiabertos, uma vez que concorreu com nomes fortes, como os cardeais Pignedoli, Baggio, Siri, Felici, Koenig, Bertoli e o brasileiro Aloísio Lorscheider. Também nunca havia integrado o serviço diplomático nem servido no Vaticano. Com essa história, para surpresa geral, foi eleito pontífice no conclave mais concorrido e rápido de que se tem notícia.

Para o escritor inglês David Yallop, autor do livro Em Nome de Deus – uma investigação do assassinato do papa João Paulo I, Albino Luciani teria sido eleito pelos conservadores simplesmente para cumprir ordens. Mas, ao demonstrar carisma, liderança e, principalmente, disposição para reformar os quadros e interferir no comando do Banco do Vaticano, teria despertado o receio de determinado grupo de prelados.


O diretor executivo do Banco do Vaticano, Paul Marcinkus, seria um dos primeiros prejudicados por João Paulo I. Sua exoneração traria à tona extensas negociatas com a Máfia Italiana e a Maçonaria. Marcinkus era notoriamente próximo do presidente do Banco Ambrosiano de Milão, Roberto Calvi, por sua vez amigo do advogado e financista siciliano Michele Sindona. Os três mantinham relações com Lício Gelli, outro financista que controlava a loja maçônica P2, a qual teria se infiltrado no Vaticano.

Paul Marcinkus
Um grupo de clérigos também estaria envolvido na trama, por temer a perda de posições de prestígio no Vaticano. Essa versão foi explorada por obras como A Verdadeira Morte de João Paulo I, de Jean-Jacques Tierry, e pelo romance A Batina Vermelha, de Roger Peyrefitte, que ainda acrescentava à trama uma suposta participação da KGB, a polícia secreta da então poderosa União Soviética. Mas foi o escritor John Cornwel quem investigou mais seriamente o episódio e deu consistência à trama em Um Ladrão na Noite. Ex-seminarista, Cornwel foi estimulado pela própria Igreja a produzir uma obra conclusiva que pudesse desmantelar as teorias conspiratórias sobre a morte do papa.

Ladrão na Noite

O autor parece ter ido fundo nas pesquisas (o livro é comparado a um bem documentado relatório), mas, para o desespero do Vaticano, manteve a dúvida no ar: “João Paulo quase com certeza morreu de embolia pulmonar. Necessitava de descanso e medicação. Se estes tivessem sido receitados, ele provavelmente teria sobrevivido. As advertências de uma doença mortal estavam claras, à vista de todos. Pouco ou nada foi feito para socorrê-lo”, afirma ele nos parágrafos finais do livro, traduzido para mais de 30 idiomas, com tiragem total de mais de cinco milhões de exemplares.

No início de seu relato, Cornwel aponta dez contradições que envolvem a morte do papa até hoje não esclarecidas. A mais intrigante, divulgada pela Ansa, agência de notícias italiana, é sobre o horário em que um carro do Vaticano apanhou em suas casas os embalsamadores Renato e Ernesto Signoracci: às 5h. Acontece que há duas versões oficiais sobre o horário em que o corpo foi encontrado: uma, às 5h30. Outra, às 4h30. A causa oficial da morte também nunca foi esclarecida. Segundo alegou o Vaticano, as leis canônicas impediam que a autópsia fosse realizada.

Há ainda indícios de que Luciani pressentira sua morte. Ricardo de la Cierva, a única pessoa que teria tido acesso ao diário pessoal do papa, reproduz no livro O Diário Secreto de João Paulo I um trecho em que o pontífice revela essa premonição. De acordo com o livro, em julho de 1977, ele teria visitado irmã Lúcia, a anciã protagonista das aparições de Fátima, no convento das Carmelitas de Coimbra. Entre longos silêncios e súbitos olhares fixos, a religiosa teria lhe dito a frase: “E quanto ao senhor, senhor padre, a coroa de Cristo e os dias de Cristo”. Em seu diário, João Paulo I teria escrito: “Os dias de Cristo serão meus dias, minhas semanas, meus anos? Não sei”. Aquele era o 25º dia de seu pontificado – que durou exatos 33 dias. A versão mais aceita para a idade que Jesus Cristo tinha quando foi crucificado, indica que ele teria 33 anos de idade na época.

Não há nenhuma passagem que fala que Jesus tinha 33 anos quando morreu. Todavia há elementos nos evangelhos que conduzem a este número.

Para chegar a esta idade se somam dois fatores que vem de duas fontes diversas. O primeiro encontramos nos sinóticos, exatamente no evangelho de Lucas, onde se diz que Jesus tinha aproximadamente 30 anos quando começou a vida pública (Lucas 3,23).

O segundo elemento para o nosso cálculo vem da narração de João, onde aparecem a menção a 4 festas da páscoa, que era celebrada uma vez por ano (2,l3-23; 5,l; 6,4 e a última, quando Jesus morre). Isso indica que o período do ministério de Cristo teria sido de 3 anos, ou alguns meses mais.

O número 33, portanto, é o resultado da soma da indicação de Lucas com aquela de João.

Fontes: Super Interessante e Universitário

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6 comentários:

  1. Impossível terem matado o papa!

    Afinal são pessoas religiosas, sendo assim, elas praticam somente o bem, somente bondade. Nunca fariam mal a outro ser humano. Eles nunca torturariam pessoas até que elas respondessem o que eles queriam. Eles nunca matariam pessoas acusando-as de hereges para poderem ficar com seus bens. Religiosos nunca abusariam sexualmente de mulheres e crianças. Nunca iriam para guerra. Quanto mais matar um papa. Isto é inaceitável!

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  2. E para não parecer que eu odeio a religião católica, queria deixar claro que não gosto de nenhuma religião.

    Acabei de ler que o Estado Islâmico (EI) está aterrorizando mulheres com estupros. Que religião que é esta que critica as outras mas estupra mulheres. Isto é aceito pelo Islã. Dentro das sinagogas deve ser uma grande orgia pelo visto.

    A cerca de um mês, um mês e meio, assisti um documentário que mostrava pessoas que conseguiu 'fugir' (não é sair, é fugir mesmo) de religiões. Uma delas, o próprio responsável por todos e pelos cultos ficava pegando as crianças e abusava sexualmente por anos. Até que uma das vítimas, depois de adulto e tendo uma conversa com seu irmão de sangue, percebeu que ele não era o único, mas também seu irmão e acabou denunciando o criminoso. Esta atitude fez que outros garotos tivessem coragem de também denunciar.

    O que é religião? Tudo bem eu cuspir no chão, mas se vc não faz parte do meu grupo é pecado vc cuspir no chão!?

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  3. As forças que mataram João Paulo I foram as mesmas que precionaram Bento XVI a renunciar

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  4. Eu acredito que seja possível ter acontecido algo que a igreja esconde.

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  5. Uma perguntinha assaz pertinente e oportuna, e por que não dizer, imprescindível: Não foi feita nenhuma perícia médica ou policial no cadáver do Papa João Paulo I para apurar com rigor e precisão absoluta a razão do óbito ? Agora, se a resposta for ou foi de que o Vaticano é um Estado independente e de alguma forma não foi permitida a investigação, estamos mesmo diante de um caso de polícia. Mais uma pergunta, trinta e sete anos depois, ainda é possível tal investigação ?

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  6. A opus Dei é quem manda na Igreja católica..o papa Albino Luciano era progressista.Houve de fato uma conspiração é mataram sufocado por um travesseiro.

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