Tomás de Torquemada: O Grande Inquisitor

em 09/05/2014


Tomás de Torquemada, nascido em Valladolid no ano de 1420 e morto em Ávila no dia 16 de setembro de 1498, também chamado de "O Grande Inquisidor" foi o inquisidor-geral dos reinos de Castela (reinos da península Ibérica) e Aragão (reinos cristãos que nasceram na península Ibérica durante a reconquista) no século XV e confessor da rainha Isabel "a Católica". Ele foi descrito pelo cronista espanhol Sebastián de Olmedo como "O martelo dos hereges, a luz de Espanha, o salvador do seu país, a honra do seu fim". Torquemada é conhecido por sua campanha contra os judeus e muçulmanos convertidos da Espanha. O número de "autos-de-fé" (eventos relacionados com a penitência, com humilhação, geralmente pública, de heréticos e apóstatas) durante o mandato de Torquemada como inquisidor é muito controverso, mas o número mais aceito é normalmente 2 200 pessoas sofreram as dores da inquisição.

Ainda jovem, tornou-se frade dominicano no Convento de São Paulo em sua cidade natal. Em 1452 foi eleito prior do Convento de Santa Cruz, em Segóvia. Era sobrinho do cardeal Juan de Torquemada, igualmente dominicano.


Situação religiosa na Espanha

Na segunda metade do século XV, a Península Ibérica tinha mais judeus convertidos do que qualquer outra região do mundo. Ocupada durante séculos pelos muçulmanos, que concediam aos judeus e cristãos liberdade de culto a troco de um imposto especial, a Península Ibérica tornou-se um refúgio ideal e palco de uma intensa troca civilizatória entre elementos das culturas cristã, muçulmana e judaica. Entre os frutos desse intercâmbio, destaca-se a Astrologia, quase desaparecida da Europa durante alguns séculos e que retorna ao continente exatamente pela via do contato com o mundo islâmico, na região do Mediterrâneo.

Com a progressiva unificação da Espanha (resultado da união dos reinos de Leão e Castela e, mais tarde, destes com Aragão) os muçulmanos e os judeus foram aos poucos "empurrados" para o sul, obrigados a migrar para o Marrocos ou a fazer uma conversão forçada ao cristianismo, porém, tal conversão era sempre vista com desconfiança, já que na maioria dos casos estas pessoas continuavam em segredo a praticar seus antigos cultos.

A inquisição espanhola e Torquemada

Com o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castela, os dois reinos uniram-se e a Espanha moderna começou a formar-se. Torquemada era frade dominicano nessa época (1478) e confessor de Isabel, função que exercia desde 1474. Em 1483 por nomeação do papa Sixto IV, Torquemada torna-se inquisidor-geral espanhol.


Torquemada difundia que os judeus não eram confiáveis e que o país "precisava" possuir apenas sangre limpia, ou seja, sangue puramente cristão. O objetivo da Inquisição era a erradicação da heresia, o que, para Torquemada, era sinônimo de eliminação dos marranos. Para estimular as delações, a Inquisição chegou a publicar um conjunto de orientações que ensinava os católicos a vigiar os seus vizinhos e a reconhecer possíveis traços de judaísmo:

"Se observar que os seus vizinhos vestem roupas limpas e coloridas no sábado, eles são judeus.

Se eles limpam as suas casas às sextas-feiras e acendem velas mais cedo do que o normal naquela noite, eles são judeus.

Se eles comem pão ázimo e iniciam a sua refeição com aipo e alface durante a Semana Santa, eles são judeus.Se eles recitam as suas preces diante de um muro, inclinando-se para frente e para trás, eles são judeus."

A pena mais leve imposta aos marranos era o confisco dos seus bens. Os reis católicos, Isabel e Fernando, precisavam de receitas, e a perseguição movida aos hereges por Torquemada era uma fonte de renda que interessava ao Estado. Isabel e Fernando auto-intitulavam-se "protetores da Igreja e defensores da fé". O mais comum era serem obrigados a desfilar pelas ruas vestidos apenas com um "sambenito" - traje que definia sua condição de hereges - e flagelados à porta da igreja. A etapa seguinte era a morte na fogueira, durante os chamados autos-de-fé, após inomináveis torturas. Homossexuais estiveram entre muitas dessas vítimas.


Torquemada, no afã de obter dos reis católicos a expulsão definitiva de todos os judeus, promoveu em 1490 um julgamento-espetáculo, onde as vítimas foram oito judeus acusados de praticar rituais satânicos de crucificação de crianças cristãs. Pressionados pelo clima de crescente intolerância, em 31 de Março de 1492 Fernando e Isabel publicaram seu Edito de Expulsão: "Decidimos ordenar a todos os ditos judeus, homens e mulheres, que deixem nossos reinos e jamais retornem a eles." Foi concedido aos judeus que permanecessem até julho na Espanha. A partir daí, os que fossem encontrados seriam mortos. Muitos fugiram para Portugal ou Norte da África, onde enfrentaram mais perseguições; alguns, sem alternativa, permaneceram na Espanha como "judeus ocultos". A ação intolerante de Torquemada trouxe-lhe resistências, as quais chegaram ao Papa Alexandre VI, tendo este, por Breve de 23 de Junho de 1494, nomeado quatro adjuntos com iguais poderes, visando limitar a ação de Torquemada. Em 1484 redigiu uma Instrução, opúsculo que propunha normas e procedimentos para os processos inquisitoriais, inspirando-se em trâmites já usuais na Idade Média. Foi publicada uma atualização em 1490 e uma outra em 1498.

Alguns métodos de tortura e execução usados na época: afogamento, pinças em brasa na pele, parafusos nos polegares, pêndulo (aparelho que detonava a coluna vertebral) e potro (cama em que o acusado era amarrado pelas pernas e pelos braços, que eram esticados). Torquemada acompanhava a sessões com os olhos fechados, rezando.


Os tribunais de Tomás de Torquemada julgavam dois tipos de crime. Os que eram contra a fé e tinham como acusados judeus, islâmicos e protestantes eram mais graves e passíveis de morte. Delitos contra a moral (acusados de bigamia, sodomia e bruxaria) eram punidos com prisão e tortura. O confisco de bens valia para todos os casos.

Morte do Grande Inquisitor

Após completar a expulsão dos judeus, Torquemada retirou-se para o convento de São Tomás, em Ávila do qual tinha sido o fundador, onde passou seus últimos anos convencido de que desejavam envenená-lo, o que o levava a manter um "chifre de unicórnio", considerado um antídoto eficaz, sempre perto de si. Torquemada faleceu de morte natural em 1498.

Em 1832, o túmulo de Torquemada foi violado, os ossos foram roubados e incinerados, da mesma forma que Torquemada ordenava que seus subalternos fizessem com aqueles que eram condenados a morte, após as suas execuções.


Sangre Limpia

Como muitos espanhóis, Torquemada parece ter tido ancestralidade judaica: o historiador contemporâneo Hernando del Pulgar, ressaltou que o antepassado de Torquemada, Alvar Fernández de Torquemada tinha casado com uma primeira geração de judeus convertidos, logo ele próprio não seria digno do Sangre Limpia, porém nada ficou provado.

Fontes: Wikipédia e O Submundo

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