O Gene perdido

em 14/01/2013

Um documento muito curioso foi achado em Kansas City, durante uma noite de 23 de dezembro de 1910. Esse documento estava envolvido em uma chapa de metal de propriedades muito curiosas. Haviam símbolos gravados nele e dentro havia algo que poderia ser identificado como "placas" com vários signos que pareciam formar um texto.

O curioso artefato foi mandado para um complexo militar, onde foi pesquisado por anos, até finalmente ter sido decifrado por volta de 1994. O que foi descoberto foi acobertado, porém acabou vazando para a internet depois de um assalto por desconhecidos que entraram no complexo apesar da alta segurança, e furtaram o artefato e a tradução do documento.

A tradução formava a mensagem abaixo:
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O objetivo de enviarmos esta mensagem ficará claro no final dela. Temos certeza que alguém traduzirá isto e espalhará pânico nos que acreditam e levantará dúvidas até nos céticos.

Isto é quase que um memorando. Um informativo. Agora, vamos começar do início da história:

Nossa história começa em uma era remota. A sociedade realmente funciona. Os indivíduos estão conectados o tempo inteiro por uma rede que permite que contatemos qualquer pessoa no mundo em questão de milésimos de segundo.

A sociedade é regida por um outro sistema político, baseado da ciência e razão. As decisões são tomadas pelos anciões mais sábios das principais áreas da ciência. Por assim dizer, funcionariam como ministros de um governo republicano-democrático, só que o objetivo deles não é aplicar os impostos pagos pela população e muito menos criar leis para manter o país nos eixos: é melhorar e selecionar qualidades para a evolução.

Segundo a teoria da evolução, seres vivos estão sujeitos a se adaptarem ao ambiente em que vivem, sendo que adquirem certas mutações que são anexadas em sua genética para garantirem sua sobrevivência.

O que aconteceu conosco foi o enfraquecimento: perdemos massa corporal, ficamos frágeis, deformados, com a pele descorada e mais calvos. Todos pareciam aberrações.

Os anciões muitas vezes explicaram à população que isso aconteceu devido aos anos de evolução tecnológica: a medicina e a tecnologia acabaram favorecendo o suficiente indivíduos que não sobreviveriam, desvalorizando demais vantagens genéticas. Por exemplo, se sua família tem uma resistência maior contra um determinado vírus, do que adiantará esse gene se a medicina criar uma vacina para tal agente patológico? Acontecerá de esse gene ser deixado para trás e ser perdido no tempo.

Logo, tendo em vista de recuperar os genes que perdemos, os anciões decidiram depois de uma grande reunião um plano final, que poderia dar certo: criar uma nova raça, inteligente e geneticamente mais forte, com os genes que nós perdemos para depois, usarmos de suas células e códigos genéticos para aplicarem em nosso povo; resultado no fortalecimento.

Deve estar se perguntando: "já que a tecnologia era tão avançada, por que optaram por um método mais complicado ao invés de simplesmente mudar os genes quando o indivíduo ainda está no feto?". Para você ver como a situação era desesperadora, nós já havíamos tentado de tudo, e a manipulação de genes era um tabu na nossa sociedade: nas últimas tentativas de mudar os genes de algum ser de forma tão radical, fazia com que no futuro, esse ser com genes manipulados agisse estranhamente e tomasse atitudes auto-destrutivas (cortar os pulsos, se queimar e etc). Os cientistas não sabiam explicar o porquê dessas reações, restando apenas na remoção do livre-arbítrio desses indivíduos, fazendo deles eficientes guardas e operários.

A espécie que criaríamos teve quase os mesmos compostos químicos dos seres de nosso planeta: eram compostos por carbono, hidrogênio, oxigênio, fósforo e nitrogênio. E dessa vez, nós cuidamos para que tivessem todas as características genéticas que nós perdemos no passado.

Começamos colocando uma série de grupos dessas criaturas artificiais em um sistema planetário elaborado pelos anciões. As condições para a vida eram favoráveis para o desenvolvimento próspero da espécie e poderíamos ficar observando sua evolução de perto.

Os avanços da pesquisa eram muito lentos, mas com resultados muito promissores. Os seres artificiais logo começaram a viver em comunidade, mas ainda não eram bons o suficiente para pularmos para a etapa de recolhimento de genes. Pelo visto, havia um pequeno avanço em sua inteligência, demonstrando que estavam evoluindo.

Os anos se passaram, e já era hora de pularmos para a etapa tão esperada. Começamos recolhendo alguns indivíduos que estavam perto do meridiano central do planeta. Por terem físico mais avantajado, pareciam perfeitos para o melhoramento genético de nossa população. Foram feitas seções de melhoramento de genes patrocinados pelo governo para todos os cidadãos. Parecia que a pesquisa finalmente estava dando frutos.

Porém, achamos um problema.

Quem se recebia o melhoramento genético, embora seu físico fosse alterado em alguns dias, acabava herdando as mesmas deficiências dos operários e guardas que eram usados: enlouqueciam, desanimavam e se auto-destruíam. Mas isso se seu livre-arbítrio não fosse retirado.

Nenhum dos envolvidos na pesquisa conseguia explicar porque isso acontecia. Enquanto a raça artificial continuava a evoluir e a construir impérios em seu sistema planetário (apelidado de "berçário" por alguns cientistas), houve pânico quando foi descoberto uma nova raça de seres répteis há 200 anos-luz de onde nossa raça estava estabelecida.

O problema estava no fato de serem seres hostis e militarmente mais avançados. Dominaram várias colônias, e estavam se aproximando da capital.

Os anciões tomaram uma última decisão: vendo que era quase eminente a escravização do povo, mandou uma pequena parcela da população para uma câmara hiper salto, mandando eles para uma estrela da constelação de centauro, onde não seriam localizados.

Apesar da tragédia e da escravização de nosso povo, as pesquisas prosseguiram com a espécie artificial. Acima de tudo, recuperar a força de nossa espécie era prioridade!

De anos em anos, mandávamos equipes de cientistas para averiguar nas situações do planeta. Por nosso império estar ameaçado, tivemos que acelerar o processo de evolução, ensinando um pouco do que nós aprendemos aos seres artificiais: geometria, astronomia e matemática. Porém, parecia não ter sido uma boa ideia interferir nisso.

Eles começaram a nos ver como deuses, e junto disso, manifestaram os comportamentos auto-destrutivos adquiridos por eles. Criaram armas e guerrearam. A pesquisa dava sinais de ser um fracasso, até um de nossos cientistas, chamado Arcano, ter visto uma peculiaridade nas criaturas.

Pela sua ótica, Arcano acreditava que a raça dos répteis teria evoluído de maneira parecida com a da raça artificial. Por isso, chamou a atenção para um dos impérios que havia se formado em uma das penínsulas do "berçário" e teorizou que os nossos inimigos agiam de maneira parecida. Dessa maneira, era só analisar os pontos fracos daquele império e aplicar no nosso odioso inimigo.

A pesquisa ganhava um novo significado. Enquanto uma parte de nossos cientistas dirigiam a atenção em como derrotar nosso inimigo, outra parte da equipe continuou com o objetivo principal, que era recuperar os genes perdidos de nossa civilização.

O resquício de nossa civilização declarou guerra contra os que escravizaram nosso povo. A guerra durou muitos anos, ultrapassando milênios. Mas finalmente, conseguimos libertar e recuperar parte do que foi nosso. Os répteis desapareceram e finalmente poderíamos reconstruir nossa civilização.

Até hoje a pesquisa prossegue, e continuamos a coletar seus genes, esperando que algum dia conseguiremos recuperar nossa antiga forma. A equipe científica até achou uma maneira de colocar um dos nossos entre os governos das experiências e controlarmos praticamente qualquer rumo que vá favorecer o nosso objetivo.

Criamos doenças, ensinamos a fissão e criamos catástrofes na civilização.

O estágio atual da pesquisa está tão avançado que parece que podemos logo começar a recolher os últimos espécimes e dar início ao estágio de "finalização" da experiência. Uma vez que já está provado que os seres artificiais são imperfeitos.

Sim. Finalmente descobri o defeito. O que tornava o melhoramento genético um fracasso.

Ao que tudo indica, quando melhorávamos os que se candidataram ao melhoramento de genes, o cérebro deles sofria mutação para algo muito parecido com a fisionomia dos seres artificiais que nós criamos. Adquiriam comportamentos avulsos, teimosos, sentiam medo, amor, tristeza. E entravam em pânico por serem tão diferentes dos outros indivíduos a seu redor, se voltando a auto-destruição.

E é isso que mais intriga: como podemos definir essa auto-destruição? Acredito que essa seja a característica mais marcante do homo sappiens.

É melhor dar um fim antes que vocês se deem um fim.
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Havia mais uma página da tradução, que acabou corrompida.

Até hoje, não se sabe onde foi parar o artefato ou então quais são suas origens: se veio do futuro distante ou de fora do planeta.

O que importa é a curiosa história. Seria a humanidade uma mera experiência? Existe vida fora do planeta?

Perguntas que poderão se estender por um longo tempo. Mas até lá, podemos apenas encarar as estrelas e esperar.

Fonte: Medo B.

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