Os genes do desenvolvimento ativados após a morte intriga cientistas

em 16/03/2017


Por definição, a morte ocorre quando os órgãos de qualquer ser vivo param de funcionar. O cérebro deixa de enviar sinais e os sistemas cardíaco e respiratório colapsam.

Mas o que acontece se uma parte do corpo não apenas continua viva, mas fica inclusive mais ativa?

Cientistas americanos identificaram mais de mil genes que funcionam até quatro dias após a morte em peixes e camundongos.

Em dois estudos publicados no site bioRxiv, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, descobriram como estes genes são ativados momentos antes da morte.

Na maior parte dos casos, a ativação faz sentido: os genes estão relacionados a funções como estimular a inflamação, ativar o sistema imunológico e combater o estresse.

Porém, outros casos deixaram os pesquisadores intrigados, pois até onde se sabia, só eram ativados em embriões para ajudar no desenvolvimento do feto.

"É de cair o queixo que os genes do desenvolvimento se ativem após a morte", disse à revista Science o microbiólogo e coordenador do estudo, Peter Noble.

Para ele, uma explicação possível é que as condições celulares em um corpo que acaba de morrer são parecidas com as de um feto em estágio embrionário.

Outra descoberta que chamou atenção dos especialistas foi observar como os genes que promovem o desenvolvimento de vários tipos de câncer se tornam mais ativos no momento da morte.

Isto pode explicar por que alguns receptores de órgãos transplantados de pessoas falecidas há pouco tempo desenvolvem um risco maior de câncer, explica Noble.

"É importante entender o que acontece com os órgãos após a morte de uma pessoa, especialmente se eles vão ser transplantados", disse à Science o farmacólogo molecular Ashim Malhortra, da Universidade do Pacífico, em Oregon.

Decifrando a vida

Outro resultado da pesquisa pode ser ajudar no desenvolvimento de técnicas para determinar com mais exatidão a hora da morte - crucial, por exemplo, em investigações criminais.

O estudo americano levou em conta as conclusões de estudos feitos na Universidade de Granada, na Espanha, que identificaram uma série de genes ativos em cadáveres humanos mais de 12 horas após a morte.

A equipe americana observou sistematicamente quase 37 mil genes de pequenos peixes de água doce de nome científico Danio rerio (popularmente conhecidos como paulistinha) e mais de 37 mil genes de camundongos.

Destes, mais de 500 continuaram ativados - em cada um dos animais - até quatro dias após a morte.

Para Noble, entender o comportamento dos genes no momento da morte "pode nos dar muita informação sobre a vida".

Fonte: BBC

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