Demonologia e a Raiz do Satanismo

em 19/10/2015


Existem muitas diferentes correntes de pensamento a respeito da origem de muitas religiões e em relação a determinados fatos ligados a muitas das doutrinas. Um exemplo disso são as polêmicas relacionadas ao Concílio de Niceia. Existem também muitas correntes de pensamento em relação ao satanismo. Abaixo eu trago a vocês um texto destinado a falar das raízes do satanismo.

Para começarmos a falar sobre a História e a Tradição do Satanismo é importante responder a pergunta: Qual a Raiz do Satanismo?

O satanismo


O satanismo é composto por muitas crenças ideológicas e filosóficas e fenômenos sociais. As características comuns entre elas incluem associação simbólica com admiração pelo personagem de e até veneração de Satanás ou de outras figuras rebeldes similares, como Prometeu, e figuras libertadoras.

Existem diferentes correntes de satanismo, com diferentes crenças e práticas. Existem satanistas teístas e ateístas. Enquanto os teístas acreditam na existência de uma entidade chamada Satanás, os ateístas não acreditam em divindades como Deus e o Diabo, e vêem Satanás como um símbolo do orgulho, independência e ambição pessoal.

Algumas das origens do satanismo podem ter começado com rituais de adoração e em honra ao titã Prometeu, ao deus egípcio Seth, ao deus Sumério Enki ou ao deus Moloque, adorado pelos amonitas.

No cristianismo, Satanás, também chamado de Lúcifer por muitos cristãos, aparece pela primeira vez no livro Crônicas, instigando Davi a fazer um censo de Israel.

As correntes atuais

Se você nunca ouviu falar das correntes atuais do Satanismo, é bem provável que você não saiba que essas correntes surgiram apenas no século XX. Devido a isso, muitos não conseguem enxergar o Satanismo como algo que se desenvolveu ao longo dos séculos, e as atuais correntes são na verdade uma evolução e uma junção de muitos preceitos antigos.

Existe uma filosofia satânica que é a base das correntes satanistas, por mais que existam muitas delas, de forma que, não é pelo simples fato de se dizer “satanista” que uma ordem ou seita deve ser reconhecida como satanista. Mas é sempre bom lembrar que é claro que qualquer um pode inventar o seu “satanismo” e tentar vender a sua ideia, seja ela qual for, mas querer que ela seja aceita como tal é outra história.

Um bom princípio é falar sobre a Demonologia para explicar que, apesar do Satanista estudá-la (e de ter “surgido” há mais de mil anos), não é a Demonologia a raiz do Satanismo.

Diferente da maioria das religiões, as ordens e seitas (ou mesmo religiões) satânicas não têm Livros Sagrados que sirvam para guiar seus fiéis. Não há nada que precise ser seguido à risca pois nada é imposto como dogma. A grande questão aqui é que o Satanismo segue alguns princípios dos quais, ao se identificar como tal, você pode ser reconhecido como Satanista. Apenas isso! Algumas escolas satanistas justamente ridicularizam o fato de certas religiões serem baseadas em dogmas, seja em rituais ou mesmo em seu cerne mesmo.

Você não é obrigado a fazer nada com a promessa de que tais ações irão lhe garantir a entrada em um reino especial destinado apenas àqueles que apresentarem um comportamento pré-definido. No Satanismo, você se vê como alguém que já segue aqueles princípios e, portanto, é um Satanista – ou pode até mesmo se “converter” ao ser convencido de que aquela é uma boa forma de se levar a vida e, a partir daí, seguir aqueles princípios.

Em outras palavras, não existe qualquer motivo para alguém querer se dizer Satanista quando na verdade não o é. É claro que existem pessoas que se dizem Satanistas, mas acreditam e veneram o Satã Cristão (que é algo que não condiz com a filosofia das correntes satanistas), mas mesmo assim, nada os impede de ser Satanista. É possível seguir os princípios satanistas e acreditar no Satan Cristão, da mesma forma que é possível ser Satanista e ser Ateu (por mais que as Correntes Satânicas, em si, não sejam ateístas.

Dessa forma, apenas a própria pessoa pode responder se é ou não Satanista, já que apenas ela pode dizer se considera verdadeiro os princípios do Satanismo.

Parte do Selo de Lúcifer, encontrado no Grimorium Verum, usado como símbolo por alguns satanistas.

Os “livros base” que servem de estudo para as correntes satânicas (lembrando que cada uma delas tem seus próprios livros), são livros para estudo, prática e etc. Se você não se adapta a eles basta não se dizer um adepto daquela corrente. No entanto, se você estiver mentindo, só estará perdendo seu tempo com isso, afinal, não há um Deus disposto a lhe punir por heresia por se dizer Satanista e não ser um de fato. Essa é a premissa.

Devido a isso, discussões sobre “se alguém é verdadeiramente satanista ou não”, não fazem o menor sentido. O que é possível é discutir os preceitos, os princípios e etc.

Satanismo de LaVey

O satanismo LaVey, popularmente conhecido como Satanismo Moderno, é uma filosofia (não é considerado uma religião por muitos seguidores) fundada em 1966 por Anton Szandor LaVey. Seus ensinamentos são baseados no individualismo, hedonismo e na moralidade "olho por olho". Diferente dos satanistas teístas, satanistas de LaVey consideram Satanás como um símbolo da natureza inerente do homem.

O satanismo de LaVey é um "pequeno grupo religioso que não é relacionado a nenhuma outra fé, e cujos membros sentem-se livres para satisfazer suas vontades responsavelmente, exibir simpatia aos seus amigos e atacar seus inimigos." Suas crenças foram detalhadas pela primeira vez na Bíblia Satânica e é supervisionado pela Igreja de Satã. A Igreja de Satã defende todos os seus seguidores das falsas acusações de sacrifícios de crianças e similares. O satanismo de LaVey possui práticas e rituais que adotam o uso da magia, que foram melhor descritos na Bíblia Satânica e em Rituais Satânicos. A definição de mágica, segundo LaVey, é: "A mudança em situações ou eventos de acordo com a própria vontade, que poderia, usando meios normalmente aceitos, não ocorrerem".

Satanismo simbólico

O satanismo simbólico é a observação e prática de filosofias e rituais satânicos. Nessa interpretação do satanismo, o satanista não venera Satanás no sentido teísta, mas é um adversário a todos os credos e religiões espirituais.

Satanismo Teísta

Diferente da crença de LaVey, o satanismo teísta crê em entidades, deuses e demônios como seres de fato, e à parte do ser humano. Estas deidades são invocadas e respeitadas dentro do satanismo como auxiliares da evolução do adepto, e não como ídolos para adoração e submissão, como popularmente se retrata.

Mas daí vem a pergunta: Se existem várias correntes de Satanismo, de onde vêm esses princípios? Cada Ordem/Seita tem os seus? Eles podem ser contraditórios?

Demonologia

A Demonologia começa a se desenvolver no início da Idade Média Alta e foi se desenvolvendo até o fim da Idade Média Baixa.

O interesse em organizar essas questões se deu porque, nos primeiros séculos depois de Cristo, o “mau” começou a ser debatido em discursos filosóficos. Sendo assim, nada mais natural que começasse a aparecer alguns “personagens” para povoar o maligno cenário do inferno.

Dessa forma, da mesma forma que existia uma hierarquia angelical – que começa nos Serafins e Querubins e termina nos Arcanjos e Anjos – passou a existir também uma hierarquia infernal com um número de demônios análogo ao número de anjos.

Alguns desses demônios passaram a ter características e isso permitiu que as pessoas pudessem visualizar melhor aqueles que, em teoria, eram os responsáveis por aquele que era o mau do mundo.

Após alguns séculos, é natural que as pessoas tenham se acostumado com um mundo assombrado por demônios e que era importante agir corretamente para não ter que lidar com problemas advindos dessas criaturas.

Sem falar que, quanto maior o número de demônios que iam aparecendo, mais complexo esse assunto parecia. E não estávamos em uma época onde era cabível o questionamento sobre “de onde se tirou a ideia de que todos esses demônios eram seres reais e que habitavam o submundo?”.

Nessa época, as pessoas sequer tinham acesso a Bíblia Sagrada. O verdadeiro acesso só começa após os conflitos que geraram a reforma Protestante, com Lutero.

É importante compreendermos que existiu de fato essa demonologia para que não se crie aquela ideia de que os “demônios” eram somente aquelas figuras de outras religiões/caminhos que tinham uma visão diferente da visão da Igreja.

Sim, muitos dos demônios eram claramente de outras religiões ou um personagem modificado que estivesse vindo de outro lugar, no entanto, existiram muitos demônios que foram criados a partir de ideias consideradas malignas e de características de personagens míticos.

Surgimento da Filosofia Satânica

Mas se o Satanismo não vem da Demonologia, de onde vieram tais características que justificaram a existência de grupos Satanistas no final do século XIX e início do século XX, que vieram a dar origem às correntes satanistas que conhecemos hoje?

As características do Satanismo começaram a se desenvolver a partir da Idade Média, mas não por causa dos Demônios que já tinham várias características, mas sim a partir da personificação de tais características através da Arte.

Como as discussões acerca da origem do “mau”, somado aos muitos demônios que haviam aparecido (com muitas características), pode se pensar que realmente existiu um Satanismo que acreditasse em alguma (ou muitas) dessas criaturas como divindade(s). No entanto, isso não aconteceu!

Não há relatos na Idade Média sobre a existência de cultos específicos acerca das entidades que compõe os demônios da época.

Então por que alguém iria querer incorporar ou emular as atitudes “satânicas”?

Pode-se dizer que tudo tem início nas primeiras peças de teatro onde esses demônios eram os protagonistas ou antagonistas. Foi nesse cenário em que, primeiramente, apareceram os vários demônios sendo apresentados na condição de pessoas (já que se tratavam de interpretações). Dessa forma, o povo poderia internalizar melhor tudo isso e temer ainda mais essas criaturas.

Entretanto, como se tratava de uma forma de arte, não demorou para que estes fossem retratados nas pinturas e nos poemas. E é aí que realmente começa todo o processo!

Os pensamentos que influenciaram os grupos dos séculos XIX e XX vieram de poetas e pensadores que traziam essa filosofia satânica. Eles foram os responsáveis por personificar as ideias que viriam a ser os princípios satanistas.

Particularmente após o iluminismo, algumas obras, como "Paraíso Perdido", foram tomadas pelos românticos e descritas como ilustradoras do Satanás bíblico como uma alegoria, representando crise de fé, individualismo, livre-arbítrio, sabedoria e iluminação. Essas obras demonstrando Satanás como um personagem heróico são poucas, mas existem; George Bernard Shaw, William Blake e Mark Twain ("Letters from the Earth") incluíram tais caracterizações nos seus trabalhos bem antes de satanistas religiosos começarem a escrever. Foi então que Satanás e o satanismo começaram a ganhar novos significados fora do cristianismo.


É claro que nem todas as características satânicas apresentadas nessa época são unânimes, mas as bases estão nesses materiais. Não é pra menos que diversos desses pensadores são citados pelos criadores das correntes Satanistas do século XX.

As correntes satanistas não surgiram porquê alguém estava querendo chocar as pessoas tendo atitudes controversas, hedonistas e egocêntricas. Antes das correntes específicas do Satanismo surgirem (sejam elas religiões, seitas ou ordens) vários grupos foram surgindo isoladamente seguindo os princípios do Satanismo.

Espero que esse Post desperte o interesse não só daquele que nunca tinha ouvido falar nas correntes Satanistas como também daqueles que conheciam o Satanismo mas que achavam que ele se resumia às instituições que foram criadas no século XX.

Essa postagem não tem o intuito de "converter" ninguém a nenhum tipo de prática. Tampouco quero que esse texto seja visto com algum tipo de imposição ideológica, até porque, como afirmei no início do texto, para tudo quanto é assunto de cunho religioso existem várias vertentes ideológicas. Esse texto tem como princípio trazer aos amigos e amigas uma curiosidade, e provocar o debate, se houverem pessoas inclinadas a isso.

Fontes: Wikipédia e Maçonaria e Satanismo

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