A lenda do Oolonga-daglalla: O Espírito com dente de Faca

em 20/04/2015


Saudações amigos e amigas, na postagem de hoje falaremos de uma lenda muito famosa no estado norte americano do Tenesee: a lenda do “Espírito com dente de Faca”. O Tenessee parece um dos estados mais cheios de mitos e lendas nos EUA, existindo vários tipos de histórias a respeito de lugares assombrados, aparições macabras, criaturas bizarras, etc.

Um mito indígena incentiva uma lenda local

Um registro feito em um jornal da cidade de Knoxville por volta do ano de 1847 pode ter sido o ponto de partida para uma das lendas mais conhecidas no Tenessee: a lenda do Long Dog. A notícia falava sobre um corpo horrivelmente mutilado. O cadáver retalhado e mordido a ponto de se tornar quase irreconhecível teria sido encontrado em uma estrada por viajantes. Embora as autoridades tenham responsabilizado bandidos pelo horrível crime, testemunhas especularam se aquele não seria na verdade trabalho de um cachorro muito grande, o Long Dog.

Em meados de 1888, na região de Piney Flats, condado de Sullivan, ocorreu algo semelhante. Dois corpos pertencentes a um homem e uma mulher, foram achados próximos a uma estrada que margeava um pântano. Os dois pareciam ter sido atacados por cães selvagens (chamados mongrels), dada a quantidade de ferimentos condizentes com mordidas e garras encontradas nos cadáveres. A suspeita novamente foi que eles teriam sido mortos por ladrões, que abandonaram os corpos e que posteriormente um bando de cães tivesse encontrado os restos. Mas não foi isso que disse o exame cadavérico. As evidências apontavam para o fato de que os dois haviam sido mortos pelos próprios cães, ou até por apenas um cão. Ambos os cadáveres tinham ferozes mordidas no pescoço.
Os jornais locais exigiram medidas urgentes. Ataques de cães selvagens não podiam acontecer em uma região dita civilizada, quanto mais ataques com vítimas fatais. As autoridades nomearam qualquer um interessado como delegado temporário e pagaram 15 centavos por cada cachorro selvagem abatido. Basicamente todos que tinham uma espingarda responderam ao "chamado cívico" e um número imenso de animais foram mortos. Apesar da campanha, um boato começou a circular nos arredores que afirmava que o responsável pelas mortes não era um mongrel, menos ainda uma matilha, mas um único animal, o Long Dog.

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Há outros relatos equivalentes e até os dias atuais, mortes inexplicáveis acabam sendo tratadas como ataques dessa entidade sobrenatural.

A lenda sobre essa criatura está inserida no folclore do sul dos EUA e se espalha por vários estados, sendo contudo mais forte no Tenessee. Ela teve origem entre os nativos americanos que viviam na região, muito antes da chegada dos primeiros colonos brancos.

A lenda indígena do Oolonga-daglalla

Os índios Cherokee chamavam esse monstro de "Oolonga-daglalla", que pode ser traduzido como "espírito com dentes de faca". Ele era considerado como um tipo de monstro que vagava pelas pradarias seguindo o curso de rios ou se embrenhava ocasionalmente nos pântanos. O som de seu uivo podia ser ouvido à noite, um lamento longo de gelar o sangue nas veias. O espírito, segundo a lenda, tinha um ódio mortal de seres humanos, sendo ele uma força primitiva de vingança e selvageria, um predador feroz que caçava e matava quem quer que ele encontrasse em seu caminho. Para alguns xamãs ele simbolizava a vingança da natureza e dos animais caçados pelo homem.


Com o tempo, o nome foi corrompido pelos colonos brancos deixando de ser "Oolonga-daglalla" e passando a ser chamado de "long dog". O título se encaixou perfeitamente no inconsciente coletivo dos colonos, e parecia adequado aos olhos daqueles que alegavam ter visto a criatura e que sobreviveram a experiência.

O long dog é descrito como uma criatura extremamente rápido que salta grandes distâncias enquanto corre nas quatro patas. As lendas relatam que ele capturava suas presas e as torturava com as garras afiadíssimas causando ferimentos dolorosos, mas que não eram suficientes para matar. Após rasgar a carne da vítima, o monstro se deliciava lambendo o sangue que escorria das feridas. Por vezes, a criatura chegava ao ponto de deixar a presa escapar fingindo desinteresse nela, apenas para empreender uma nova perseguição, capturá-la e atormentá-la uma vez mais. Quando finalmente se cansava da brincadeira, o long dog simplesmente matava, geralmente com uma mordida dilacerante no pescoço.


O Long Dog das lendas não matava para se alimentar ou defender seu território. Pelo contrário, ele sentia um prazer quase humano na caçada e na matança. Os Cherokee o temiam de tal maneira que evitavam certas partes da floresta e entalhavam símbolos de proteção nas cascas das árvores a fim de mantê-lo afastado. Aqueles que sofriam ferimentos, mas conseguiam escapar do monstro eram banidos da tribo, pois seria questão de tempo até o Oolonga-Daglalla vir até eles completar o serviço. Os caçadores marcados pelo monstro, recebiam uma faca ou lança e eram obrigados a entrar na mata fechada onde deveria ficar por 7 dias. Se nesse período o monstro não atacasse eles podiam retornar, sabendo que estaria relativamente seguros.

Segunda a descrição tradicional, o Long Dog seria um animal bastante grande, com cinco ou seis pés (entre 1,50 m e 1,80 m) de comprimento, as mesmas dimensões de uma pantera ou de um puma. Seu corpo seria musculoso e ágil, as patas traseiras muito compridas e a cabeça relativamente pequena, com focinho chato e orelhas erguidas. A boca comprativamente seria grande, repleta de dentes afiados. Ainda segundo as histórias os olhos da fera, em uma cor vermelha amarelada, brilhavam no escuro como dois carvões incandescentes. O hálito quente da fera teria o cheiro de enxofre e podia cegar. Sua pelagem era rala, bastante rente ao corpo, com uma qualidade brilhante oleosa, quase fluida. Os rastros que ele deixava, quando estes eram encontrados, evidenciavam uma pata colossal dotada de enormes garras.

Mas as histórias sobre o Long Dog não se limitam às suas habilidades como caçador e matador. As lendas dão conta que a criatura também tinha capacidades sobrenaturais. Ele seria capaz de assumir uma forma incorpórea (os Cherokee mencionam que ele se tornava fumaça) e dessa maneira atravessava árvores, vegetação e até surgia diretamente do solo ou no próprio ar. Para outros ele teria a capacidade de ficar invisível ou ao menos se camuflar na floresta de tal maneira que não podia ser visto, pelo menos até ser tarde demais.

Outra horrível capacidade do Long Dog envolve o poder de escravizar o espírito daqueles que ele matou e de quem ele provou sangue e carne.

A crença no Oolonga-Daglalla e o túnel Túnel Sensabaugh

Há algumas semanas publiquei aqui no Blog Noite Sinistra uma matéria que falava do amaldiçoado Túnel Sensabaugh (clique AQUI para conhecer). Existem muitas histórias de assombrações e de aparições demoníacas nesse túnel, mas também existe um causo que relaciona o Oolonga-Daglalla com esse enigmático local.


Uma dessas histórias conta que durante a construção do Túnel foram contratados muitos operários imigrantes. Como ocorria quase sempre nessa época, as condições de trabalho beiravam a desumanidade e acidentes aconteciam frequentemente no local da obra.

Segundo a lenda urbana, um desses "acidentes", no qual vários operários foram vitimados (no mínimo três conforme algumas fontes) estaria ligado ao "Long Dog". Quando o túnel ainda estava em construção no ano de 1920, a região era bastante isolada e para facilitar o progresso, os empreiteiros montavam um acampamento e dormiam no local em barracas improvisadas. Há boatos de que os operários ouviram repetidas vezes estranhos ruídos na mata próxima, uivos e rosnados, além de um cheiro de enxofre que deixava os homens com os nervos à flor da pele.

Não demorou para que os operários descobrissem as lendas sobre o Long Dog e temessem se afastar do acampamento. Alguns desistiram do trabalho, mas outros persistiram achando que aquilo não passava de superstição e tolice dos nativos que há muito tempo haviam partido. Mesmo assim, toda noite acendiam uma grande fogueira que queimava até o amanhecer.

A despeito das histórias, o trabalho continuou até que meses depois, o túnel ficou pronto, bastando apenas alguns retoques para ele ser inaugurado. A maioria dos operários foi dispensada e aliviados ganharam seus salários e deixaram a área. Alguns poucos homens ficaram para concluir os detalhes que faltavam. A tragédia teria acontecido uma noite, quando os homens que ficaram no acampamento estavam descontraídos e haviam baixado a guarda. Dizem que o capataz da construção os havia presenteado com um engradado de cerveja e que eles beberam além da conta e por isso esqueceram de acender a fogueira.

Na manhã seguinte, o capataz foi até o acampamento e se deparou com uma coisa medonha, um verdadeiro massacre. Os homens não tinham apenas sido assassinados, seus corpos foram retalhados com grande selvageria.


O capataz voltou para a cidade e procurou os responsáveis pela obra, entre os quais, o Sr. Sensabaugn que o acompanhou até o lugar, junto com alguns homens de sua inteira confiança. Constataram a tragédia e ficaram espantados pela selvageria do ataque e pelo fedor residual de enxofre que ainda permeava no lugar. Sensabaugn, no entanto era um homem prático: ele sabia que a construção não poderia ter mais atrasos e um escândalo daquele tamanho seria um problema. Ele também sabia que os mortos eram imigrantes, homens sem família cuja falta não seria sentida por ninguém. Ponderando que cães selvagens eram os culpados, o engenheiro ordenou que os homens recolhessem os corpos e os carregassem até o Túnel. Lá dentro havia uma parte profunda que ainda seria lacrada com concreto. Foi ali que Sensabaugn teria ordenado que os homens fossem sepultados em segredo.

Diz a lenda que as vítimas do Long Dog, não ficariam para sempre confinadas naquele lugar. Os corpos estavam fadados a se levantar como "escravos da fúria" e encontrariam uma maneira de escapar de seu confinamento para causar mais tristeza. E de alguma forma, isso que teria acontecido.


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