Os macabros troféus feitos por soldados americanos na 2ª Guerra Mundial

em 11/09/2018


Na Segunda Guerra, um bárbaro costume se espalhou entre as forças, com até o presidente aceitando um presente macabro.

Em 1984, o governo dos EUA fez uma cortesia ao seus ex-inimigos japoneses. Corpos de soldados mortos na campanha das Ilhas Marianas (junho a novembro de 1944) foram devolvidos para um enterro honrado. Então se notou que algo estava faltando: 60% deles não tinha cabeça.

Esses corpos haviam sido vítimas de certa "febre" entre os soldados americanos. A de fazer troça com restos dos japoneses, criando troféus, objetos do cotidiano, decorações macabras, sinalização prática para aliados ou também um aviso ao adversário. Como se estivessem nos tempos de Gengis Khan. Uma aberta violação à Convenção de Genebra de 1929, assinada pelos EUA, e proibida oficialmente pelo Exército.

Mas, assim mesmo, uma visão tetricamente comum.

Cabeças, dentes, orelhas, ou ossos diversos. Tudo era "aproveitado". A cabeça era a parte mais trabalhosa: precisava ser fervida para soltar pele e músculos e deixar apenas o crânio limpo e branco.

No dia 1 de fevereiro de 1943, a revista Life publicou uma fotografia tirada por Ralph Morse durante a campanha de Guadalcanal, mostrando uma cabeça japonesa separada que os fuzileiros navais dos EUA tinham instalado na torreta de um tanque.


A publicação recebeu cartas de protesto de leitores incrédulos, não podendo conceber que os soldados dos EUA seriam capazes de algo assim. Os editores responderam que "a guerra é desagradável, cruel e desumana. E é mais perigoso esquecer disso do que ficar chocado com lembretes".

Em 22 de maio de 1944, outro escândalo. A Life publicou uma foto de uma garota do Arkansas, com um crânio japonês, escrevendo uma carta agradecendo a seu namorado no front pelo presente. As respostas foram esmagadoramente negativas.


O comando nunca deu apoio oficial a esse tipo de atrocidade. Uma "ação disciplinar severa" havia sido ordenada pelo Comandante Chefe da Frota do Pacífico, em setembro de 1942. Em outubro de 1943, o general George C. Marshall transmitiu ao marechal Douglas MacArthur "sua preocupação com a atuais relatos de atrocidades cometidas por soldados americanos ". Em janeiro de 1944, o Estado-Maior Conjunto dos EUA emitiu uma diretiva contra a tomada de partes humanas.

Tudo por nada. Na prática, a prioridade era ganhar a guerra. As punições nunca eram severas. Por bárbara que fosse, a violação parecia motivar as tropas.

E o mau exemplo vinha de cima. Em 13 de junho de 1944, o presidente Franklin Delano Roosevelt ganhou do congressista democrata Francis E. Walter um abridor de cartas feito do osso do braço de um japonês. "Esse é meu tipo de presente", disse. Walter se desculpou por ser algo tão pequeno, ao que Roosevelt respondeu: "Haverá mais presentes". Com a repercussão negativa, semanas depois, o presidente voltou atrás e pediu para o objeto ser enterrado.

O Japão se aproveitou da deixa. A histórias da moça do Arkansas e do presidente foram amplamente republicadas. Os americanos foram retratados como perturbados, primitivos, racistas e desumanos. E isso teve um custo: a população japonesa basicamente acreditava que o país sofreria saques e estupros sem precedentes se os EUA invadissem. O que é a maior causa da determinação dos kamikazes e do país em geral, que pretendia lutar até o amargo fim. Até Hiroshima e Nagasaki levarem o próprio imperador a desistir.


O antropólogo Simon Harrison é autor de Dark Trophies: Hunting and the Enemy Body in Modern War("Troféus Sombrios: A Caçada e o Corpo do Inimigo na Guerra Moderna"). Ele nota que esse tipo de atrocidade não foi cometido contra a Alemanha Nazista.

Sua conclusão é que os japoneses simplesmente não eram vistos como humanos. "Os soldados que perpetraram essa ofensa parecem ter feito uma distinção clara entre duas categorias de inimigos: o que eles percebem como pertencentes a sua própria raça e os que percebem como de outra, com uma diferença fundamental entre elas sendo como os corpos serão tratados após a morte."

E não faltava apoio à essa distinção na propaganda de guerra dos EUA. Se alemães eram retratados como bufões, japoneses mal pareciam gente, desenhados com traços bem mais distorcidos e com um tom de pele inexistente, invariavelmente mais escuro do que o natural.



Harrison também compara a situação à de povos vistos como "selvagens", como algumas tribos do Brasil, que saem em expedições para tomar troféus de inimigos mortos. "Esta é uma forma de combate em que certas categorias de inimigos são fortemente desumanizadas e despersonalizadas, representadas como animais a serem caçados, não apenas para serem mortos como, em certo sentido, consumidos."

Para terminar, que ninguém se confunda. Vamos deixar mais que claro que isto é para mostrar uma lamentável falha no lado que, em que se pesem suas brutalidades, merece sua reputação positiva. Atrocidades do Japão imperial, que matou possivelmente o mesmo ou mais que a Alemanha Nazista, são inúmeras e amplamente divulgadas.



by: Elson Antonio Gomes


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