O caso do Sumiço de Gary Mathias

em 05/03/2018


O denominado como "Sumiço de Gary Mathias" completou 40 anos. 4 décadas depois e o episódio continua encucando os investigadores que nunca conseguiram resolver o caso que se tornou toda uma lenda. Uma história terrível, sem pé nem cabeça, que começou na fria noite de inverno do 24 de fevereiro de 1978. Eram mais ou menos 10 da noite quando o jogo de basquete na Universidade Estatal de Califórnia terminou, momento em que 5 amigos decidem tomar o caminho de volta no carro de um deles, um Mercury Montego, 1969.

Os jovens eram fãs incondicionais da equipe visitante que venceu a partida. Tinham pela frente 70 quilômetros de estrada até chegar em casa, de modo que decidiram fazer uma parada para comprar duas tortas de maçã, duas barras de chocolate, duas garrafas de Pepsi e uma de leite (ninguém bebia). Depois saíram da lanchonete, voltaram ao carro e foram em direção ao sul, para a cidade de Chico, na Califórnia, ou ao menos isso lembrou o empregado do local, a última pessoa que os viu com vida.


Sete horas depois, o senhor Weiher acordou exaltado, algo estava errado. Levantou-se, foi ao quarto do filho Ted e o jovem não estava. A mãe de Ted ligou para a mãe de Bill Sterling o mais rápido que pôde. A mãe de Bill também não sabia onde estavam. A senhora Sterling já tinha ligado à mãe de Jack Madruga. Jack também não havia voltado para casa. Por último, a senhora Weiher também ligou à mãe de Jackie Huett: mesmo resultado.

Os cinco amigos tinham desaparecido, e algumas horas depois as famílias davam parte à polícia.

Os cinco rapazes

Os jovens Gary Mathias, Jack Madruga, Jackie Huett, Theodore Weiher e William Sterling, viviam na casa dos pais. Três deles foram diagnosticados com deficiência mental; Madruga, ainda que não fora, geralmente era um pouco lento de razoamento, e Mathias estava fazendo tratamento para esquizofrenia, uma depressão psicótica que apareceu pela primeira vez cinco anos antes do desaparecimento. Suas idades compreendiam entre 24 e 32 anos.


Nos dias seguintes ao início da investigação, as autoridades encontraram o carro encalhado, ainda que os cinco amigos não estavam em seu interior. Estava na linha de neve a uns 90 quilômetros de Chico, em uma estrada de terra deserta de alta montanha que estava longe de seu caminho de volta. O carro não aparentava ter qualquer problema, e, sem as chaves (não foram encontradas), os investigadores fizeram um partida direta com sucesso. Isto é, se os cinco quisessem (ou pudessem), poderiam ter continuado a viagem já que os 5 não teriam problema para desencalhar o carro.

O tanque de gasolina também estava cheio, tinha quatro mapas, incluído um da Califórnia, e as chaves não estavam. Ademais, nos assentos encontraram as embalagens dos alimentos comprados na parada no posto 24 horas. Tinham comido tudo, exceto uma barra de chocolate.

Mais dados da investigação: a parte inferior do carro não sofreu danos. O modelo Montego era um carro enorme e a polícia se perguntava como o automóvel foi terminar em um trecho de estrada de montanha tão irregular, aparentemente na escuridão total, sem um arranhão, amassado ou mancha de barro. Chegaram à conclusão de que motorista conduziu com sumo cuidado e uma precisão espantosa, isso, ou bem conhecia o caminho o suficientemente bem para se antecipar à cada curva.


O início das investigação e o primeiro corpo

As famílias explicaram às autoridades que só Madruga podia dirigir, pois era o único com carteira de motorista. Ademais, os pais do jovem explicaram que ele não gostava de acampar e odiava o frio, e muito menos conhecia esse caminho. Em realidade, nenhum conhecia.

O caminho percorrido pelos jovens
E mais, dada sua situação, menos Mathias, que de vez em quando ficava fora toda a noite com outros amigos, cada um dos rapazes desaparecidos passava a maior parte de suas vidas em casa com os pais. Não bebiam, não fumavam e nem tinham qualquer tipo de vício. Por isso ninguém conseguiu entender o que, ou quem, poderia tê-los levado por esse caminho solitário nas montanhas.

No dia que encontraram o carro começou uma nevasca que paralisou parte da busca. Ninguém encontrou nada, nem sequer um sapato, até o descongelamento primaveril, quando em 4 de junho um pequeno grupo de motociclistas que vagava em um antigo acampamento militar abandonado ao final da estrada sentiu um cheiro muito estranho e penetrante.

Tratava-se de Ted Weiher, estendido e congelado até a morte em um trailer do serviço florestal com as janelas quebradas. Estava enrolado em 8 lençóis dos pés à cabeça e não usava seus sapatos. Junto a ele encontraram seu anel, sua correntinha de ouro, carteira (com dinheiro dentro) e um relógio de ouro. Seus pés estavam congelados, e a barba espessa em seu rosto denotava que aparentemente viveu seus últimos dias em uma agonia de fome e hipotermia, possivelmente entre oito e 13 semanas.

O jovem estava a uns 30 quilômetros do Montego, e tinha caminhado toda esta distância sob um temporal de neve para encontrar a morte... descalço (ou não). Ademais, não acendeu fogo algum ainda que tinha fósforos e inclusive livros de bolso e madeira que poderiam queimar facilmente. Roupas pesadas de silvicultura que poderiam também ter mantido o homem aquecido permaneciam intocadas.


Víveres e provisões intocados

A polícia descobriu que foram abertas e esvaziadas mais de uma dúzia de latas de ração militar de um galpão de armazenamento externo; uma foi aberta com um abridor de latas P38 do Exército, um que só Madruga e Mathias, que tinham servido o Exército, provavelmente sabiam como usar. 

O mais estranho de tudo era que ninguém abriu um armário no mesmo galpão que continha uma variedade ainda maior de alimentos desidratados, o suficiente para manter todos os cinco homens alimentados por pelo menos um ano. Inclusive havia um outro galpão nas proximidades que possuía um tanque de butano com uma válvula que, se tivesse sido aberta, teria alimentado o sistema de aquecimento do reboque.

Uma das poucas pessoas que falou com a polícia nesses dias foi um sujeito chamado Joseph Schons, de 55 anos. O homem disse que, ao ficar preso na neve na mesma estrada onde os jovens desapareceram, viu luzes bem atrás dele. Quando olhou para fora, percebeu um carro com os faróis acesos, com um grupo de pessoas à sua volta, um dos quais parecia ser uma mulher que segurava um bebê. Foi quando pediu ajuda, mas o grupo parou de falar e foi embora. Mais tarde, ele viu mais luzes, desta vez lanternas, que também sumiram quando tentou contatá-los.

Encontrados os outros corpos

Um dia após a descoberta do corpo de Weiher, os investigadores da polícia encontraram os restos de Madruga e Sterling. Estes se encontravam em lados opostos da estrada do trailer onde estava Weiher, a uns 18 quilômetros do automóvel.

Os restos de Madruga estavam em decomposição, a maior parte tinha sido comida por animais selvagens. O corpo jazia de boca para cima, com sua mão direita em volta de seu relógio. Sterling, por sua vez, estava em uma área mais arborizada. Não restava nada dele a mais do que alguns ossos.

Dois dias mais tarde, exatamente no mesmo caminho, mas bem mais próximo do trailer, o pai de Jackie Huett, que estava colaborando na busca, encontrou a coluna vertebral de seu filho. Tinha outros ossos ao redor, junto com os jeans de Jackie e seus sapatos. Um ajudante do xerife encontrou uma caveira no dia seguinte, a uns 100 metros morro abaixo do resto dos ossos. Eram de Jackie.

Os restos de Huett jaziam a nordeste do reboque, como os de Sterling e Madruga. A quase um quilômetro os pesquisadores encontraram três cobertores e uma lanterna, que estava ligeiramente oxidada e com as pilhas já descarregadas. Era impossível saber quanto tempo tinha estado ali.

Não acharam nem rastro de Gary Mathias

Seus tênis estavam dentro do mesmo trailer de serviço florestal, o que sugeriu aos investigadores que trocou seus tênis pelos sapatos de Weiher, sobretudo porque Weiher tinha os pés maiores, e os pés de Mathias poderiam ter inchados com o tempo inclemente. Em qualquer caso, aquilo foi pura conjectura, a polícia não tinha nenhuma pista do que tinha acontecido ali.

Mathias tomava sua medicação religiosamente todas as semanas, por pelo menos três anos. Sua família disse que a doença apareceu cinco anos antes, quando o jovem serviu o exército na Alemanha. Os registros policiais mostram que ele se mostrou violento em determinadas ocasiões e teve um período difícil após seu regresso da Alemanha.

No entanto, durante os últimos dois anos, Mathias trabalhava no negócio de seu padrasto e tomava seus medicamentos com fidelidade. Recebia um salário por incapacidade psiquiátrica do exército, era muito apegado a sua família e amava o basquete, um gosto que compartilhava com os outros quatro amigos.


Uma teoria sobre o caso

Mesmo sabendo que quatro dos cinco homens haviam morrido na montanha, os investigadores nunca conseguiram explicar realmente o que havia levado a essas mortes. Por que abandonaram um carro que estava perfeitamente funcional para entrar no bosque congelado a meia-noite? Por que seguir adiante através de vários quilômetros e acabar em um trailer sem calefação para morrer? Por que não se alimentaram se tinha comida suficiente? Porque não se resguardaram com fogo se tinha forma de acender uma fogueira e inclusive ligar um aquecedor?

Eles ainda não encontraram nenhuma explicação sobre por que os homens foram parar ali, embora soubessem que Mathias tinha amigos numa pequena cidade que fica a meio caminho do trajeto que faziam. Alguns peritos da polícia acreditam que possivelmente, na tentativa de visitá-los no caminho de volta, os jovens pegaram uma intersecção errada. Depois, por qualquer motivo alheio, abandonaram o Montego e em vez de voltarem pela estrada, escolheram continuar na direção em que estavam indo originalmente.

No dia anterior do desaparecimento dos jovens, um snowcat do Serviço Florestal seguiu a estrada naquela direção para limpar a neve do telhado de um dos galpões para que não caísse. Então é possível, acredita a polícia, que o grupo decidiu seguir as trilhas deixadas pelo veículo, através da nevasca, na crença de que devia existir um abrigo não muito longe e Madruga e Sterling provavelmente sucumbiram à hipotermia no meio da caminhada até o trailer.

Supõe-se que, uma vez que encontraram o trailer, os outros três quebraram a janela para entrar. Uma vez que estava trancado, eles acreditaram que era uma propriedade privada e ficaram com medo de estar cometendo algum roubo se usassem qualquer outra coisa que encontrassem lá. Depois que Weiher morreu, ou os outros acreditaram que ele tinha, escolheram retornar à civilização por rotas diferentes, terrestres, a pé.

De qualquer forma nada faz muito sentido e cada explicação como estas abrem uma novas interrogações sem nenhuma explicação. Mas alguns investigadores ventilam a possibilidade de que os jovens tiveram medo de algo que os paralisou até o ponto de morrerem lentamente de frio. É possível que Mathias tenha a resposta -inclusive ele pode ser a resposta-, mas já se passaram quarenta anos desde então, e ainda ninguém descobriu seu paradeiro.

Fonte: Mdig

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