Assassinos da ficção inspirados em assassinos reais

em 24/05/2016



Quando, em 1968, o filme Boston Strangler (No Brasil, “O Homem que odiava as mulheres”), chegava às telas do cinema, a sociedade se perguntou se era correto ou não usar uma história verídica de assassinatos para entretenimento. Não seria desumano com as vítimas de carne e osso? Boston Strangle recontava os passos do assassino conhecido como “Estrangulador de Boton, que na década de 60 invadiu a residência de mulheres que moravam sozinhas, as estrangulando com peças de seus próprios vestuários. Um sujeito que cumpria pena por diversos abusos sexuais, Albert DeSalvo, confessou o crime. Sua confissão era detalhada, mas havia alguns erros em seu relato, além da falta de evidências físicas o ligando aos assassinatos. Seja como for, Albert nunca foi formalmente acusado pela série de homicídios do estrangulador de Boston. Ele foi misteriosamente assassinado em sua cela, enquanto cumpria pena por seus ataques sexuais. Muitos duvidam de sua culpa, principalmente por que existem evidências de mais de um estrangulador atuando na cidade por esse período. Boston Strangle foi o primeiro filme biográfico sobre um assassino em série nos Estados Unidos.

Se as pessoas se escandalizaram com o filme de 1968, acreditando que nunca houveram casos de criminosos reais usados como inspiração para assassinos fictícios, elas estavam equivocadas. Décadas antes, diversos homicidas da vida real serviram de molde para assassinos da ficção. Alguns filmes inspirados em criminosos reais alcançaram um sucesso arrebatador, tornando-se clássicos. Outros foram rechaçados pelo público e crítica, permanecendo nas “gavetas” para posteriormente se tornarem cults.

Abaixo, uma lista de assassinos da ficção INSPIRADOS em assassinos de carne e osso. Nesses filmes, nomes, locais e características físicas são modificadas, mas a maldade, ódio e perversidade são mantidos. Eles são personagens que demonstram que às vezes a ficção e realidade andam de mãos dadas.

Evilenko (2004)


Dirigido por David Grieco, o filme italiano conta as “peripécias” de Andrei Romanovich Evilenko, um professor que leva uma vida dupla: Se por vezes ele é um esposo dedicado e ativo no partido comunista, em outras vezes ele é um assassino frio, que mata suas vítimas a navalhadas (a maioria crianças) e pratica canibalismo. A policia segue seu rastro, mas tudo parece ser em vão. Um psiquiatra homossexual (e provavelmente pedófilo), que antes foi considerado suspeito é convocado para auxiliar nas buscas ao assassino. Evilenko, porém, é um sujeito hipnótico e todas as testemunhas de seus crimes acabam loucas ou sem memória. Um detetive, Vadim Timurouvic Lesiev, é designado para perseguir o assassino. Cenas dos assassinatos e do trabalho dos policiais. Passado na URSS, na atual região da Ucrânia, Evilenko conta com Malcolm McDowell (Laranja Mecânica, Calígula) no papel principal.


Apesar de ser “vendido” como filme biográfico, Evilenko tem mais ficção do que realidade. O filme foi inspirado no caso de Andrei Romanovich Chikatilo, o “Estripador de Rostov” ou “Estripador da Floresta” (clique AQUI para ler a matéria completa sobre ele), condenado à morte por 53 homicídios sexuais envolvendo canibalismo. Chikatilo era um ex-professor sexualmente impotente demitido por abuso sexual. Ativo no partido comunista, Chikatilo passou a vagar por pontos de ônibus e estações de trem à procura de vítimas. Ele as atraía para a floresta, onde as matava, comia seus seios e órgãos genitais fervidos. Após ser preso, Chikatilo afirmou que havia matado não por prazer sexual, mas por “paz de espírito”.


Assim como Chikatilo, Evilenko também foi demitido após apresentar comportamento sexual estranho. Ele também buscava por suas vítimas nas proximidades de estações ferroviárias ou em pontos de ônibus, também era ativo no Partido Comunista, além das semelhanças entre Andrei Chikatilo e McDowell. As semelhanças porem, param por aí. Evilenko utilizava uma navalha para assassinar, enquanto Chikatilo tinha preferência por facas. “Há também uma espécie de hipnose” em Andrei Evilenko, algo que dá um tom sobrenatural ao filme. Chikatilo não precisava disso, mas sim de uma boa lábia para atrair suas vítimas até Florestas. Seja mais ficção que realidade, Evilenko é um ótimo filme.

Andrei Chikatilo

M (1931)



Fritz Lang, grande nome do expressionismo alemão já havia se consagrado com seu Metrópoles, quando em 1931 realizou seu primeiro filme falado. É certo que a temática do movimento Expressionista no cinema gira em torno do horror, mas M chamou a atenção por alguns detalhes: O primeiro foi que trouxe às telas um vilão com uma feição um tanto infantil e de olhos esbugalhados. O segundo detalhe, é que, segundo as más línguas, ele havia sido inspirado em um assassino em série da vida real.



M conta sobre os crimes de Hans Beckert, um assassino de crianças que assombra uma cidade alemã (Não é citado o nome da cidade). Cartazes são espalhados pela cidade, numa tentativa de alertar às pessoas sobre a ação de Beckert. A polícia não consegue capturá-lo e foras da lei organizam seu próprio esquema de captura, usando moradores de rua como sentinelas. Os criminosos conseguem capturar Becker. Hans alega que seus impulsos o obrigaram a fazer o que fez, mas que havia se arrependido dos assassinatos. Quando a multidão enfurecida está prestes a linchar o assassino, a polícia chega ao local. No fim, é visto o julgamento de Hans. Três das mães de suas vítimas estão na platéia.



Muito se debate sobre quem teria servido de molde para Hans. Uma das teorias é que o assassino Fritz Haarman, o Vampiro de Hanover, teria sido a inspiração para o assassino, mas a teoria mais aceita seria a de que Peter Kürten, o Vampiro de Düsseldorf, seria o equivalente de Becker na vida real. Tanto, que em alguns locais (inclusive no Brasil) o filme ganhou o título não oficial de “M, o Vampiro de Düsseldorf”. Fritz Lang teria utilizado dos estudos de Karl Berg, psiquiatra que entrevistou Kurten na prisão, para criar Hans. Embora existam essas teorias, Fritz Lange negou que teria se inspirado em qualquer criminoso da vida real.

The Lodger (1927)


Muito antes de seus maiores sucessos como Psycho (1960) e Frenzy (1972), o diretor inglês Alfred Hitchcock já havia abordado o assassinato serial em um de seus filmes. The Lodger (O Inquilino), conta a história de uma série de homicídios praticados nas nevoentas noites londrinas, tendo como vítimas mulheres louras. O locatário de uma pensão apresenta hábitos estranhos, como sair durante noites com névoa e guardar a fotografia de uma moça loura. Ele logo é considerado suspeito por sua senhoria e acaba sendo preso por um detetive.

Os ingredientes principais da trama já deixa claro em quem o filme foi inspirado: Jack, o estripador. O assassino serial desconhecido que matou e esquartejou pelo menos 5 prostitutas em Londres no ano d e 1888. Bem é verdade que o filme não foi diretamente inspirado em Jack, uma vez que ele é a versão homônima de um livro, este sim, inspirado em Jack. The Lodger é uma ótima preciosidade do diretor Hitchcock, que, alias, aparecerá outras vezes nesse post.




Crime e Castigo (1866)

Versão soviética cinematográfica de Crime e Castigo, com Georgi Taratokin no papel principal.

Fiodor Dostoievski é, sem sombra de dúvida, um dos maiores nomes da Literatura Russa. Sua obra gira em torno do assassinato, da loucura, das questões da existência, crença em Deus e etc. Em 1866, ele lançou um dos seus livros mais conhecidos, Prestuplênie i nakazánie, ou Crime e Castigo, no bom português. A história gira em torno de Rodion Raskolnikov, um jovem ex-estudante de direito atirado na miséria, autor de um artigo que dividia os homens entre “ordinários e extraordinários”. Rodion comete um latrocínio, matando uma mulher e sua velha irmã e oculta o material roubado. No entanto,ele se vê corroído pela culpa e acaba por confessar seu crime para sua paixão, Sônia. 

Fiódor Dostoiévski

Dostoievski se inspirou em um crime, não cometido na Rússia, mas sim na França, o caso de Pierre François Lacenaire. Pierre era um poeta e fora da lei que em 14 de dezembro de 1834 assassinou uma mulher idosa e seu filho travesti com um machado, assim como fez Raskolnikov. O poeta foi preso em fevereiro de 1835 e executado na guilhotina.

Crime e Castigo não ganhou uma, mas várias adaptações para o cinema, tendo destaque a versão americana de 1935, tendo Peter Lorre (O mesmo que protagonizou Hans Beckert no filme de Lang) no papel de Raskolnikov. Outra versão que merece ser citada é a versão soviética, de 1970, com direção de Lev Kulidzhanov e com Georgi Taratorkin no papel principal.


Dr. Jekyll and Sister Hyde (1971)


Quem é fã de horror de baixa produção deve conhecer a produtora inglesa Hammer Films. Em 1971, ela lançou um de seus títulos mais famosos: Dr. Jekyll and Sister Hyde, quase uma sátira baseada no conto moralista do Irlandês Robert L. Stervenson. No entanto, há mais nesse filme do que simples inspiração no livro de Stervenson.


Na trama, o Dr. Jekyll está realizando um experimento para adquirir um elixir da vida, extraindo hormônios femininos de cadáveres, cedidos para ele por uma dupla chamada William Burke e William Hare. Na vida real, Burke e Hare foram dois serial killers escoceses, que vendiam os corpos das vítimas para estudantes de anatomia. Porém, o Dr. Jekyll não podia esperar que tais experimentos iriam trazer para fora sua metade ruim, seu lado feminino “Irmã” Hyde. 


Burke e Hare são linchados pela multidão e a “Irmã Hyde” precisa de mais hormônios femininos para se manter. Ela/ele então comete os crimes atribuídos à Jack, o Estripador. As duas personalidades começam a lutar entre elas. No fim, Jackyll/Hade, acaba morrendo. Apesar da baixa qualidade, Dr. Jekyll and Sister Hyde conseguiu misturara bem realidade e ficção.



Willaim Burke e Willaim Hare


Monsieur Verdoux (1947)


Até Charlie Chaplin tratou do assassinato em série em sua comédia de humor negro Monsieur Verdoux. Na trama, um ex-bancário desempregado se vê em desespero e começa a aplicar golpes em mulheres de meia-idade. Tais mulheres eram assassinadas após darem seu dinheiro para Verdoux “guardar”. Porém, ele não consegue assassinar uma de suas esposas, que teve a sorte grande em ganhar na loteria e mais sorte ainda de não se tornar vítima de Verdoux. Os crimes do Barba Azul são descobertos e ela acaba condenado à morte. Antes de sua execução, Verdoux faz um discurso afirmando que a verdadeira assassina era a guerra.


Chaplin se inspirou no serial killer francês Henri Désiré Landru, executado em fevereiro de 1922, acusado de 11 assassinatos. Landru atraía mulheres se passando por um viúvo rico, dando golpes em mulheres solteiras, estrangulando-as até a morte e queimando seus corpos no fogão de casa. Os crimes de Landru começaram com golpes sem assassinato, mas escalaram para o homicídio em série com o passar do tempo.

Psycho (1960)


A obra mais conhecida de Alfred Hitchcock, Psycho (Psicose, no Brasil), conta a história de Marion Craine, uma secretária que dá um golpe na firma onde trabalha e escapa para encontrar com seu amante. Marion, porém, decide passar a noite no Hotel Bates, lugar administrado pelo estranho Norman e sua velha mãe ranzinza. Ela não esperava uma coisa: Ser assassinada a facadas enquanto toma um delicioso banho. Uma intensa investigação começa e a personalidade sinistra de Norman Bates é descoberta.

Assim como O Inquilino, Psicose foi baseado em um livro com o mesmo nome. Alfred comprou o direitos autorais do autor e retirou todos os volumes restantes das prateleiras, pois queria evitar que o público soubesse o final. Psycho foi o primeiro filme em que uma protagonista morre no meio da trama. O sangue na cena do chuveiro era calda de chocolate. O filme foi filmado em preto e branco, pois Hitchcock achava que assim seria melhor. Existem histórias sobre o filme, como a velha senhora que escreveu para Alfred, reclamando que sua família se recusava a tomar banho por medo. O mesmo havia acontecido após eles assistirem ao filme francês As Diabólicas (1955) em que um homem de olhos esbugalhados levanta da banheira. Alfred Hitchcock escreveu para a mulher respondendo: Mande-os para a lavagem a seco. Também foi amplamente difundido que a modelo de corpo utilizada na cena da banheira havia sido morta por um atendente de hotel, mas na verdade, a mulher assassinada anos depois era uma figurante do filme.

A figura sinistra de Norman Bates foi inspirada em Ed Gein (clique AQUI para ler mais a respeito dele), o bizarro assassino que aterrorizou Wisconsin na década de 50. Ed matou pelo menos duas mulheres, retirando as peles dos corpos para confeccionar utensílios domésticos. Norman Bates é um espelho do apego de Ed Gein pela mãe, de sua inadequação sexual e de sua estranha mania de se vestir de mulher.

Peeping Tom (1960)


No mesmo ano de Psicose, o diretor Michael Powell lançou sua obra prima Peeping Tom (Tortura do medo, no Brasil). Assim como em Psicose, temos um protagonista com sexualidade inadequada. Mark Lewis é um serial killer cinegrafista, que sente prazer em gravar a feição de horror de suas vítimas antes da morte. Uma inocente mocinha se aproxima dele e ele luta contra seu instinto para poupá-la.


Psicose e Peeping Tom tratavam sobre o mesmo tema: Assassinatos em série. No entanto, o filme de Powell não foi bem aceito pela crítica nem pelo público, ao contrário da película de Hitchcock. É fácil saber porque: Peeping Tom mostra o abuso mental e emocional de uma criança, Mark Lewis durante a infância, além da sexualidade mais expostas do que em Psicose.

Porém, ambos os filmes compartilham uma coisa: Foram inspirados em criminosos da vida real. Mark Lewis foi inspirado no estrangulador Harvey Glatman, que assim como seu equivalente da ficção, adorava registrar os momentos de suplício de suas vítimas. Glatman matou três mulheres, sendo executado em 1959. Clicando AQUI, vocês poderão conferir uma matéria sobre os crimes de Glatman com uma riqueza de detalhes muito grande. Ele foi um dos mais emblemáticos assassinos do início do século passado, principalmente pela forma com que agia, atraindo jovem mulheres que almejavam ser modelos. Outro fato interessante é que Glatman tirava fotos das vítimas pouco antes de assassiná-las.


Texas Chainsaw Massacre (1974)


Acontece com Texas Chainsaw Massacre o mesmo que acontece com Evilenko: Ele é vendido como filme biográfico. Porém, com esse filme de 1974, a questão é mais complexa. Muitas pessoas realmente acreditam que o filme é todo baseado em fatos reais, que Leatherface existiu e etc. De fato, o filme é inspirado em um assassino de carne e osso, nada mais que isso.

Na trama, um grupo de jovens em busca de aventura cruza o caminho de uma estranha família, formada por cadáveres, um louco, um xerife e um grandão deformando usando máscara de pele humana, Leatherface, este assassina pessoas com uma motosserra.


O Slasher dirigido por Tobe Hooper, apesar de ser um filme de baixa produção, atingiu uma popularidade alta após seu lançamento, tendo diversos remakers e seguimentos. Tal sucesso se deu justamente pelos boatos de que a história seria real. Na verdade, a figura central, Leatherface (cara de couro) foi inspirada em Ed Gein, o mesmo serial killer que serviu de molde para Norman Bates. Tobe teria tido a ideia dos assassinatos com motosserra após visitar uma loja de ferramentas. A bagunça na casa do protagonista e sua máscara de couro teriam vindo de Ed Gein. Mesmo com essa informação, muitos insistem em classificar Leatherface como um serial killer real.

The Silence of the Lambs (1991)



Baseado no livro de mesmo nome do autor Thomas Harris, The Silence of the Lambs (O Silêncio dos Inocentes, no Brasil) foi diferente de todos os filmes policiais já filmados na época. Motivo: Ele mostrou a técnica de criação de perfil, onde uma policial entrevista um psiquiatra, psicopata e canibal Hannibal Lecter, na tentativa de capturar o serial killer Jame Gumb, também conhecido como Buffalo Bill. As vítimas do serial killer eram todas jovens meninas cheinhas, da quais Gumb retirava a pele para confeccionar um bizarro macacão.

Anthony Hopkins, como Hannibal Lecter.

Só esse último trecho já daria a entender em quem Jame Gumb foi inspirado: No já citado duas vezes Ed Gein. Mas, não somente isso, o criminoso fictício é uma verdadeira “colcha de retalhos”, juntando características de outros assassinos. A estranha performance Drag Queen diante do espelho, ao som de Good Bye Horser, da banda Q. Lazzarus teria sido inspirada no serial killer fetichista e crossdresser: Jerome “Jerry” Brudos (clique AQUI e confira a matéria completa a respeito desse assassino frio e pervertido), que matou e mutilou três mulheres por causa de seu fetiche por sapatos femininos. Jerry, também era portador de outra parafilia, o fetiche transvéstico, onde uma pessoa sente prazer ao vestir roupas do sexo oposto, sem haver homo ou bissexualidade. Esse traço foi incorporado em Gumb.


Em 24 de março de 1987, Gary M. Heidnik é preso acusado de sequestro, cárcere privado e assassinato. Gary havia matado duas das mulheres que havia aprisionado em seu porão, uma delas foi retalhada e teve a carne servida misturada a ração de cachorro para as outras “escravas”. Gary foi preso após ser enganado por sua “escrava” favorita, que o convenceu a deixá-la visitar parentes e acionou a polícia. Em seu porão, a polícia encontrou um enorme buraco, onde as vítimas desobedientes eram jogadas e torturadas. E quem na ficção tinha um buraco no porão? Jame Gumb.

O quarto serial killer incorporado em Buffalo Bill, foi o famoso Theodore “Ted” Bundy (clique AQUI e acesse a matéria que fala desse que é um dos mais famosos serial killers da história). O MO do assassino e estuprador de colegiais incluía atrair suas vítimas para seu veículo usando um gesso falso no braço, técnica usada com sucesso por Jame Gumb.

Ted Bundy.

The Hills Have Eyes (1977)


O clássico do horror norte-americano mostra uma viagem que acaba em pesadelo, quando uma família Carter cruza o caminho de um grupo de canibais. Tudo por culpa de um maldito atalho. Dirigido por Was Craven, Quadrilha de Sádicos é considerado um dos melhores filmes de terror já feitos, apesar dos efeitos limitados da época. Um remake foi feito em 2006, mas não alcançou o sucesso do primeiro.



Swaney Bean juntamente com seu clã foi a inspiração para o filme, mesmo que sua história seja verídica ou não. De fato, a família incestuosa foi totalmente executada pelo homicídio e canibalização de cerca de 1000 pessoas no século XV, na Escócia.


Frenzy (1972)


Filme do diretor Alfred Hitchcock, Frenzy também teve seu roteiro baseado em um livro, que por sua vez foi inspirado em um assassino da vida real. Na trama, Londres é assombrada por um serial killer, estrangulador de mulheres, que assassina suas vítimas usando sua gravata. Um inocente é culpado pelo crime e, mal sabe ele, que seu “amigo” é o verdadeiro assassino. Considerado um dos filmes mais violentos de Hitchcock, Frenzy conta com ingredientes raramente vistos no cinema da época, como cadáveres de mulheres nuas em rios e em um caminhão de batatas. Dedos sendo quebrados e pessoas estranguladas (olhos arregalados e língua para fora), tudo muito explícito.



À exemplo de outros filmes já citados, Frenzy teve sua história inspirada em outro criminoso da vida real. Eu o citei no início do post: Albert DeSalvo (clique AQUI e conheça melhor esse assassino), o “Estrangulador de Bostom”. DeSalvo confessou ser o tão procurado assassino que matou 13 mulheres, todas estranguladas com peças do próprio vestuário, enquanto cumpria pena de prisão por assedio sexual. Até hoje não se sabe se ele realmente foi o estrangulador ou se só queria ganhar fama com os crimes.


Albert DeSalvo.

Rope (1948)


No ano de 1948, Alfred Hitchcock lançou o filme que seria considerado um dos melhores de seus trabalhos: Rope (Festim Diabólico, no Brasil). A história gira em torno de dois jovens que pretendem cometer o crime perfeito. Eles assassinam um colega, ocultam seu cadáver no interior de um baú e convida um grupo de pessoas para uma ceia. A refeição é servida sobre o mesmo baú onde o cadáver está escondido. Entre os convidados, há parentes do morto e um investigador, Rupert Cadell, que acaba percebendo a situação e frustra o plano dos dois. Rope foi o primeiro filme colorido de Hitchcock e foi filmado quase que inteiramente em um único cenário. Inspirado em uma peça teatral do mesmo nome.



Dois jovens, assassinato, tentativa de cometer o crime perfeito... Quem está habituado a ler sobre grandes crimes provavelmente se lembrará de um caso exatamente assim: Nathan Leolpold e Richard Loeb. Os dois jovens judeus de classe média alta que, na tentativa de cometer o crime perfeito, assassinaram um garoto de 14 anos, enviando uma carta aos seus familiares para pedir o resgate no ano de 1924. Inúmeros erros cometidos pelos dois levaram a prisão da dupla e ambos foram condenados à prisão perpétua. 

Leopold e Loeb


O Bandido da Luz Vermelha (1968)


Uma preciosidade do movimento “Cinema Marginal”, dirigido por Rogério Sganzerla e rodado na Boca do Lixo, em São Paulo, O Bandido da Luz Vermelha é o representante nacional no post. O filme conta a história de Jorge, um fora-da-lei sangue frio que invade residências, estupra mulheres, rouba e mata os moradores. O Bandido é perseguido pela polícia e acaba por cometer suicídio. Outros fatos ocorrem paralelamente durante o filme: Uma mulher é atirada de uma janela, um anão profeta é preso, discos voadores são vistos... O filme é todo narrado por um homem e uma mulher que se alternam nas falas, lembrando os programas policiais de rádio. Algumas cenas do filme beiram o surrealismo quando, por exemplo, quando Jorge invade uma residência, assassinado o morador com tiro e ovadas.


Assim como acontece com outros filmes da lista, o filme de Sganzerla é tido como biográfico. Ledo engano. Na trama, o bandido chamado Jorge nasceu em Tatuapé, mata mulheres e comete suicídio. De fato, existiu um Bandido da Luz Vermelha atuando nas proximidades da Boca do Lixo, mas seu nome era João Acácio Pereira, nascido em Joinvile, Santa Catarina, e assassino de 4 homens. Enquanto as filmagens eram feitas, João estava vivinho da silva, vindo a falecer em 1998, assassinado meses após ser libertado. Paulo Villaça, ator que vive Jorge no filme guarda muitas semelhanças em comum com João Acácio e o MO do assassino da ficção é idêntico ao do criminoso real, isso é fato, mas qualquer semelhança para por aí.


Ilsa, She Wolf of SS (1975)


Muitas vezes se acredita que Ilsa, A Loba da SS (Ou Guardiã Perversa da SS), seja o único filme a misturar a temática sadomasoquismo com holocausto. Tal pensamento, porém é um erro, sendo o filme representante de um subgênero apelativo, o nazisploitation. Sem sombra de dúvida, o nazisploitation é um dos gêneros mais controversos (e odiados) do cinema. Não há problema em retratar nazistas como pervertidos sexuais, mas o problema maior e mostrar a tortura de prisioneiros ligada ao sadismo sexual, geralmente mulheres. O primeiro filme do gênero apareceu cerca de 5 anos antes de Ilsa, chamava-se Love Camp 7, mas Ilsa continua sendo o mais famoso entre o gênero.


O filme mostra a tentativa de Ilsa, uma comandante de um Campo de Concentração, de provar para seus superiores que sua teoria é correta. Ilsa acredita que mulheres são mais resistentes à dor do que homens, e por isso não deveriam ser poupadas do fronte de batalha. Tal teoria, assim, soa como um tanto feminista, no entanto, esse é somente um pretexto para se mostrar jovens moças torturadas. Uma mulher tem uma corda amarrada ao pescoço, ficando nua sobre um bloco de gelo (Achou que isso era novidade na série Saw?), outra é fervida em uma banheira, além de mulheres flageladas, torturadas com um dildo elétrico e fuziladas. Se houvesse realmente tal pesquisa, homens também deveriam ser torturados para se ter uma comparação. Fora isso, Ilsa é uma sádica sexual e ninfomaníaca, que escolhe amante entre presos masculinos e esse é seu erro. Uma revolução entre os prisioneiros eclode depois que Ilsa é enganada por um de seus amantes cativos. Um tiro e disparado em sua direção, mas, será que ela morre?


Ilsa teve ainda dois seguimentos, menos famosos que a Loba da SS: Ilsa, Harem Keeper of the Oil Sheiks (1976) e Ilsa the Tigress of Siberia (1977), todos protagonizados pela belissima Dyanne Thorne.

Ilsa a Loba da SS, nada mais é do que uma versão sexualizada de Ilse Koch (clique AQUI e conheça um pouco mais sobre ela), esposa de Karl Koch, um dos piores comandantes de campos de trabalho e extermínio da Alemanha Nazista. Ao contrário que a ficção, Ilse não era uma oficial, mas era tão cruel quanto a loura das telas. É dito que Ilse gostava de andar nua, somente com um chicote na mão. Se alguém a olhasse, apanhava feio. Ela também gostava de colecionar objetos feitos com pele humana, principalmente de presos tatuados. Ilse Kosh acabou sendo presa e se suicidou antes que sua execução fosse feita. 


Ilse Koch


Natural Born Killers (1994)


Natural Born Killers (Assassinos por Natureza, no Brasil) é outro filme controverso. Dirigido por Oliver Stone, o filme conta a história do casal Mickey Knox e Mallory Knox, unidos pelo amor e pelo gosto pela violência. Os dois massacram dezenas de pessoas em semanas, cerca de 50 vítimas, sempre deixando alguém vivo entre as vítimas. Os crimes continuam por Novo México, Nevada e Arizona. Nesse tempo, a mídia entra em ação e noticia os crimes do casal de maneira sensacionalista, tornando-os uma espécie de celebridade.



Os dois Spree Killers foram inspirados em um casal da vida real: Charles Starkweather e Caril Fugate assassinaram pelo menos 18 pessoas entre 1° de dezembro de 1957 e 28 de janeiro de 1958. Assim como na ficção, os homicídios tiveram início com a morte de membros da família da mocinha. O caso de Starkweather e Caril Fugate também inspirou outro filme, Badlands (1973). Uma curiosidade: O pai de Wood Harrelson, que interpreta Mickey Knox era Charles Harrelson, o assassino de um juiz condenado à prisão perpétua sem possibilidade de condicional.

Charles Starkweather, condenado à morte na cadeira elétrica.

Dirty Harry (1971)


Um dos mais conhecidos trabalhos do ator Clint Eastwood e dirigido por Don Siegel , Dirty Harry (O Perseguidor Implacável, no Brasil) conta a trajetória de Harry Callahan, um policial linha dura que muitas vezes ultrapassa os limites da lei. Uma das cenas mais incríveis do filme é quando Harry está em uma lanchonete, comendo cachorro quente, e percebe um assalto em um banco. Com sua Magnun 44, ele mata dois assaltantes e fere um terceiro, fazendo seu famoso discurso do “Você deve está se perguntando: ‘Estou com sorte?””



Um assassino sádico denominado “Scorpio” assassina pessoas com um rifle de alta potencia. Ele exige que a cidade de San Francisco lhe pague U$100.000, caso contrário, matará um padre ou um negro. Scorpio tem um interesse por astrologia e, no fim, consegue raptar um grupo de crianças em idade escolar. Essas características foram vagamente inspiradas no desconhecido “Assassino do Zodíaco”, o criminosos que aterrorizou San Francisco no fim da década de 60 e início da década de 70. O Zodíaco fez pelo menos 7 vítimas, 5 delas fatais, e costumava atacar casais e matar em datas próximas à festividades judaicas. O Zodíaco ameaçou atacar um ônibus escolar se suas exigências não fossem atendidas.

Devils Reject’s (2005)


Devils Reject’s não foi muito bem “inspirado” em um criminosos real, mas faz referências à pelo menos três assassinos da vida real, além de reunir os personagens de “A casa dos 1000 Corpos”, filme do mesmo diretor, Rob Zombie.

No filmes, membros de uma família de assassinos frios com mais de 1000 mortes no currículo enfrentam a polícia. Um dos filhos é morto e a matriarca é presa, mas Otis e a irmã, Baby, conseguem escapar e se juntar ao pai, o palhaço Capitão Spaulding. Os três saem por aí matando quem estiver na frente. John Wydell, o xerife que comanda a operação contra a família de criminosos não desiste da caça aos membros restantes. Seu objetivo é vingar a morte do irmão. Segue-se então cenas de violência extrema, tortura e sanguinolência.


Rob Zombie bebeu de diversas fontes para compor o filme. Logo na primeira cena, vemos membros da família Firefly trajando toscas armaduras de metal enquanto trocam tiros com a polícia. Elas protegem o corpo das balas, mas não por muito tempo e um membro da família acaba ferido. Na vida real, esse tipo de armadura foi usada pelo fora da lei australiano Ned Kelly. Ned era um assaltante e ladrão de gado procurado pelas autoridades. Qualquer pessoa estava autorizada a matar Ned Kelly. Em 28 de junho de 1880, Ned e seu bando enfrentaram a polícia usando as armaduras. No início, as balas ricochetearam, mas Ned esqueceu de proteger suas pernas e foi nela s que a polícia atirou. Ned acabou sendo preso e enforcado em 11 de novembro de 1880.

Ned Kelly

Em determinado ponto do filme (não lembro em qual), Otis Firefly diz a frase “Eu sou o Diabo! Vim para fazer o trabalho do Diabo!”. Essa frase foi a mesma dita por Charles Watson, membro da “Família Manson” durante o massacre na casa de Sharon Tate. Sharon e 4 convidados seus foram mortos à tiros e facadas.

E ainda, mas adiante, os três membros da família Firefly costuram o rosto de um homem em uma moça, que sai correndo desesperada e é atropelada por um caminhão. Essa é uma possível referência às máscaras de couro humano fabricadas por Ed Gein.

Fonte: Famigerados


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